Por uma estreita margem, os deputados britânicos votaram nesta segunda-feira (9) a favor de uma moção que pede ao governo que publique suas avaliações do impacto de um eventual Brexit sem acordo, aplicando um novo golpe no primeiro-ministro Boris Johnson.
Aprovada por 311 votos contra 302, a medida também pede ao Executivo de Johnson que publique comunicações privadas, incluindo mensagens de texto, entre os funcionários do governo sobre seus planos de suspensão do parlamento.
O texto foi aprovado em meio à iminente suspensão do parlamento, solicitada pelo premiê e chancelada pela rainha Elizabeth II. As atividades devem ser paralisadas mesmo se os deputados da oposição rejeitarem novamente uma moção do governo para convocar eleições legislativas em outubro. A cerimônia deve acontecer na madrugada de terça-feira (10), dado que a última votação na Câmara dos Comuns está prevista para as 22h (19h de Brasília).
As Câmaras devem ter suas atividades paralisadas até o dia 14 de outubro. A estratégia de Johnson visava, inicialmente, reduzir o tempo que deputados teriam para bloquear uma saída abrupta do Reino Unido da União Europeia (UE) no dia 31 de outubro.
Contudo, o primeiro-ministro tem sido derrotado repetidas vezes pelos parlamentares desde que tomou posse. Além de perder a maioria na Câmara dos Comuns, ficar sem o direito de ordenar as votações na casa e ter sua convocação para eleições legislativas em outubro rejeitadas, nesta segunda-feira (9) a rainha aprovou uma lei que pede novo adiamento do Brexit se não houver acordo com Bruxelas a partir de 19 de outubro.
O premiê, que desde que tomou posse endossava a ideia da região separar-se da UE "custe o que custar", agora mudou seu posicionamento. Se, no domingo (8), disse se negar a aceitar "qualquer adiamento desnecessário" do Brexit, nesta segunda classificou que uma saída britânica abrupta do bloco seria um "fracasso político".