O ex-prefeito de Londres e deputado Boris Johnson, 55 anos, se tornou oficialmente o novo primeiro-ministro britânico nesta quarta-feira (24). Ele tomou posse após ter sido recebido pela rainha Elizabeth II, informou o Palácio de Buckingham em um comunicado.
Johnson, que é o 14º primeiro-ministro britânico a servir sob o comando da rainha Elizabeth II, teve de passar por um grupo de ambientalistas que formaram uma corrente humana para dificultar seu percurso até o palácio.
Em seu primeiro discurso diante da Downing Street, o deputado prometeu concluir o Brexit "custe o que custar".
— Vamos cumprir a promessa feita pelo parlamento à população e deixar a UE (União Europeia) em 31 de outubro, incondicionalmente — afirmou.
Ainda que o líder conservador esteja insistindo em sua promessa de campanha — um Brexit "do or die" nessa data, ou seja, doa a quem doer — Johnson afirmou que não deseja uma separação sem pacto, conhecida como "no deal". A saída do Reino Unido da UE de maneira bruta significaria uma mudança no status da relação entre Londres e a Europa da noite para o dia, sem fase de transição.
O ex-prefeito disse acreditar que seja possível alcançar um entendimento que não envolva controles alfandegários na fronteira irlandesa — a do Norte é parte do Reino Unido e a República, ao sul, é um país-membro da UE. Entretanto, conforme Johnson, a solução não deve passar pelo "antidemocrático backstop", mecanismo que prevê a criação de uma grande união aduaneira temporária para evitar checagens de mercadorias entre sul e norte.
A volta da fronteira "dura" na ilha é um dos pontos de tensão no Brexit. Entre 1968 a 1998, o dispositivo foi uma das fagulhas de um conflito entre nacionalistas (pró-reunificação das Irlandas) e unionistas (favoráveis à permanência do Norte do Reino Unido), que deixou mais de 3,5 mil mortos.
O "backstop" é a principal razão oficial para o acordo fechado pela antecessora de Johnson, Theresa May, ter sido recusado três vezes pelo Parlamento britânico, deixando a chefe de governo sem alternativa que não a de renunciar ao cargo. Os críticos da medida argumentam que ela ataria o Reino Unido ao bloco europeu por tempo indeterminado, comprometendo sua soberania. Dentro da união aduaneira, Londres não poderia fechar acordos comerciais por conta própria.
A UE tem dito repetidamente, e novamente após a vitória de Johnson, que o mecanismo não será abandonado.
Inicialmente, o acordo que trata da saída do Reino Unido da UE deveria ter ocorrido em 29 de março, mas houve dois adiamentos. O Brexit foi decidido em plebiscito, em 2016, quando 52% dos britânicos votaram a favor da separação.
— Vamos fazer um novo acordo, um acordo melhor que vai ampliar as oportunidades do Brexit ao mesmo tempo em que vai nos permitir desenvolver uma relação nova e estimulante com o resto da Europa, com base em livre-comércio e apoio mútuo — afirmou Johnson.
Segundo ele, "chegou a hora de agir, de tomar decisões, de fornecer uma liderança firme".
— O problema dos últimos três anos (período transcorrido desde o plebiscito que determinou a saída da UE e também tempo que May passou no cargo) não foram as decisões tomadas, mas a falta delas — defendeu.
Fazendo um aceno aos partidários do Brexit, Johnson acrescentou que, "em caso de 'no deal', teremos uma injeção de recursos de 39 milhões de libras". Ele se refere à multa que Londres deveria pagar ao bloco do qual tenta se desvencilhar, se houvesse um acordo com acerto de contas antes da despedida.
Momentos antes da fala do novo premiê, a ex-primeira-ministra britânica Theresa May formalmente apresentou sua renúncia à rainha Elizabeth II. Mais cedo, ela falou à imprensa pela última vez como chefe de governo, afirmando que obter um Brexit "aceitável para todo o Reino Unido" é a "prioridade imediata" de seu substituto.