Boris Johnson afirmou nesta quarta-feira (12) que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem um acordo só aconteceria como "último recurso", durante o lançamento oficial de sua campanha para o cargo de primeiro-ministro.
O ex-ministro das Relações Exteriores é o favorito entre os 10 candidatos que disputam a sucessão de Theresa May, que renunciou depois de adiar duas vezes a saída do Reino Unido da UE.
Em um evento de início de campanha repleto de integrantes da cúpula do Partido Conservador, Johnson insistiu que o Brexit deve acontecer em 31 de outubro, a última data limite acordada com Bruxelas, mas não revelou detalhes sobre como pode alcançar a meta.
Ele afirmou que o Reino Unido deve estar preparado para uma saída sem acordo, mas suavizou as declarações anteriores ao afirmar" que seria "um último recurso, não algo que alguém deseje".
Também evitou a pergunta sobre se consumiu drogas quando era estudante e rejeitou as críticas por declarações antigas que provocaram os protestos de mulheres, minorias étnicas e homossexuais, ao afirmar que os eleitores querem que os políticos falem com sinceridade.
Para mostrar como a vida de Johnson seria difícil à frente do governo, um grupo de parlamentares de todos os partidos apresentou nesta quarta-feira uma iniciativa para evitar a saída sem acordo da UE.
Além disso, a UE reiterou que não renegociará os termos do acordo, mas Johnson afirmou que um novo governo "com um novo otimismo" poderia encontrar uma saída.
Tampouco repetiu a ameaça anterior de não pagar o valor estabelecido em maio com Bruxelas pelos compromissos orçamentários já assumidos.
A Comissão Europeia advertiu que o Reino Unido terá que pagar, mesmo no caso de um acordo sem saída.
Johnson foi a principal autoridade a defender a saída da UE no referendo de 2016 e é um dos políticos mais populares do país.
Mas também é um dos mais divisivos, criticado por sua retórica populista e a escassa atenção aos detalhes.
Em seu discurso, ele citou os oito anos de experiência como prefeito de Londres para demonstrar que poderia cumprir sua missão e destacou que teria uma equipe para ajudá-lo a governar.
Ao ser questionado sobre seu comentário de que as mulheres muçulmanas com véu em todo o rosto pareciam "caixas de correio", respondeu que os eleitores sentem que são enganados por políticos que usam "platitudes burocráticas".
— Lamento a ofensa que provoquei, mas vou continuar falando tão diretamente quanto possível — , disse.
Mas ele se recusou a responder quando foi questionado se já usou cocaína, um tema que persegue seu rival na disputa por Downing Street, o ministro do Meio Ambiente Michael Gove.
* AFP