Theresa May deixa nesta sexta-feira (7) a liderança do Partido Conservador britânico e, embora continue como primeira-ministra até a designação de um sucessor, em julho, abandona a coordenação do Brexit.
Após o referendo de 2016, em que 52% dos britânicos votaram a favor do Brexit, o Reino Unido deveria ter abandonado a União Europeia (UE) no dia 29 de março. Mas, a incapacidade de May para obter a aprovação do Parlamento britânico ao acordo a obrigou a solicitar dois adiamentos – o segundo deles até 31 de outubro.
Cada vez mais pressionada pelos eurocéticos dentro de seu partido, que consideram que a premier fez concessões inaceitáveis à UE, May anunciou há duas semanas que renunciaria em 7 de junho, após a visita de Estado ao Reino Unido do presidente americano Donald Trump.
A renúncia não tem nenhum ato oficial programado, mas será o tiro de largada oficial no Partido Conservador para designar seu sucessor, um processo que deve seguir até o fim de julho.
Nas próximas semanas, May permanecerá à frente do governo, mas não vai administrar mais a questão do Brexit.
— Ouvi a primeira-ministra falar apaixonadamente sobre alguns temas de política interna que a preocupam. Ela continuará concentrada em trabalhar pelo povo britânico, mas em relação com o Brexit disse que já não corresponde a ele levar o processo adiante, e sim ao sucessor — afirmou o porta-voz de May.
A saída de Theresa May, no entanto, não acaba com os obstáculos para um Brexit: a UE se recusa a renegociar o acordo e o Parlamento britânico já expressou sua oposição ao texto, assim como a um Brexit sem acordo.
Para os analistas, o único modo de superar o bloqueio em um Parlamento no qual o Partido Conservador não tem maioria absoluta é convocar eleições gerais, mas os correligionários não querem nem ouvir falar desta possibilidade após três desastrosos resultados eleitorais em um mês.