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O Reino Unido votou pela saída da União Europeia, com 51,9% dos votos favoráveis ao Brexit, após a apuração do referendo realizado na quinta-feira - os favoráveis à saída do bloco conquistaram vantagem de 17,4 milhões de votos, o que assegura matematicamente a vitória.
O líder do Brexit Nigel Farage se declarou confiante na saída da UE diante da tendência da apuração: "agora me atrevo a sonhar com um Reino Unido independente".
- Se a tendência for confirmada, será a vitória da verdade, da gente simples - disse Farage. - Faremos isto por toda a Europa. Espero que esta vitória derrube este projeto falido e nos leve a uma Europa de Nações soberanas.
- Vamos nos livrar desta bandeira (europeia), de Bruxelas e de tudo que fracassou. Façamos deste 23 de junho nosso dia da independência - declarou Farage.
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A chefe de governo da Escócia, Nicola Sturgeon, declarou que "a votação aqui mostra claramente que os escoceses veem seu futuro como parte da UE".
Já o líder do partido republicano Sinn Fein, Declan Kearney, estimou que a província britânica da Irlanda do Norte deve realizar um referendo sobre sua união com a Irlanda após a saída do Reino Unido da UE.
- Temos esta situação em que o norte está sendo arrastado para fora (da UE) pelo resultado na Inglaterra (...). O Sinn Fein pressionará por sua demanda de referendo.
A ducha de água fria na UE começou em Newcastle, primeira cidade a divulgar resultados, onde a permanência venceu por pequena margem, mas muito inferior às previsões favoráveis à permanência, com 50,7% contra 49,3%.
Já em Sunderland, outra cidade do norte da Inglaterra, a saída do grupo europeu ganhou com ampla vantagem, por 61,34%, contra 38,66%.
Escócia e as grandes cidades votaram pela permanência na UE, inclusive superando as previsões, mas regiões inteiras do centro e do sul da Inglaterra, e o País de Gales, apoiaram em massa pela saída do Bloco.
Londres, Glasgow, Aberdeen e Liverpool votaram a favor da UE, mas cidades de tradição operária e portos pesqueiros deram um rotundo 'não' à permanência na UE.
Pânico nos mercados
Os mercados asiáticos foram dominados pelo pânico nesta sexta-feira, diante do resultado favorável à saída do Reino Unido da União Europeia.
A Bolsa de Tóquio recuava 8%, e Hong Kong e Sidney perdiam algo em torno de 3% no final da manha.
Por volta das 3h15min (0h15min no horário de Brasília), a libra esterlina era cotada a 1,3466 dólar, seu nível mais baixo em relação à moeda americana desde 1985. Minutos depois, caía a 1,33 dólar.
Paralelamente, o dólar era cotado abaixo dos 100 ienes e o euro, a menos de 110 ienes.
- O Banco do Japão anunciou sua disposição de facilitar a suficiente liquidez, utilizando em particular as operações de 'swap' em vigor entre os seis bancos centrais, para garantir a estabilidade dos mercados - declarou o governador Haruhiko Kuroda à AFP.
As ações dos grupos bancários Standard Chartered e HSBC, com sede em Londres, recuavam 9,2% e 8,6%, respectivamente, na Bolsa de Hong Kong.
No setor petroleiro, o barril do West Texas Intermediate para entrega em agosto cedia 3,11 dólares, a US$ 47,00. O barril do Brent do Mar do Norte recuava 3,14 dólares, a US$ 47,77.
Aposta no desconhecido
As casas de apostas britânicas mudaram sua tendência na madrugada de sexta-feira e passaram a antecipar a vitória do Brexit.
Após dois meses de uma campanha dura e tensa, que teve como momento mais dramático o assassinato da deputada trabalhista e pró-UE Jo Cox, 46,5 milhões de eleitores responderam a seguinte pergunta: "O Reino Unido deve permanecer como membro da União Europeia, ou abandonar a União Europeia"?
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que convocou o referendo e jogou seu futuro político na consulta, votou no centro de Londres bem cedo.
Nunca um grande país abandonou a UE desde o nascimento do projeto europeu nos anos 1950, quando as nações ainda viviam sob os escombros da Segunda Guerra Mundial, e metade do continente era governado por ditaduras. Atualmente, a UE engloba 28 países democráticos.
O Reino Unido entrou para o bloco em 1973 e, dois anos depois, organizou um referendo para calar os eurocéticos, com vitória da permanência. A votação desta quinta-feira dificilmente encerrará esse debate.
- Estamos em território desconhecido - afirmou o professor Chris Bickerton, da Universidade de Cambridge e autor de "The European Union: A Citizen's Guide".
- A saída será um golpe muito duro para UE. Há muito tempo a moral não estava tão baixa em Bruxelas - completou.