O governo britânico pediu nesta quarta-feira (20) à União Europeia um adiamento de três meses da data de saída do bloco, o Brexit, marcado para 29 de março, anunciou a primeira-ministra Theresa May à Câmara dos Comuns.
— Eu escrevi esta manhã para o presidente (do Conselho Europeu, Donald) Tusk informando-o que o Reino Unido quer uma extensão do artigo 50 (que rege a partida de um país membro) até 30 de junho — explicou May para os deputados.
Quase três anos após a votação popular que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia, os políticos do país ainda debatem como, quando e se o divórcio será colocado em prática.
Muitos esperavam que a extensão fosse significativamente mais longa. No entanto, membros do Partido Conservador, de May, temem que um adiamento longo do Brexit possa fazer com que ele jamais ocorra. O Partido Trabalhista, de oposição, disse que, ao optar por um adiamento curto, May está forçando o Parlamento a decidir entre aceitar um acordo que já foi rejeitado duas vezes ou sair da UE sem acordo.
O pedido deve ser debatido pela União Europeia na quinta (21) e na sexta-feira (22). Jean-Claude Juncker disse que a UE fez muito para acomodar os interesses britânicos e que não pode ir mais além.
— Não haverá renegociações, novas negociações ou garantias adicionais além daquelas que já foram dadas — disse Juncker a uma rádio alemã.
Segundo a Reuters, a Comissão Europeia se opôs a estender a permanência do Reino Unido na União Europeia até 30 de junho, como propôs nesta quarta a primeira-ministra britânica, Theresa May, segundo um documento visto pela agência.
Em uma nota sobre o Brexit revisada pela Comissão em sua reunião semanal nesta quarta-feira, as autoridades afirmaram que o encontro entre os demais líderes da UE e May em cúpula na quinta-feira enfrenta uma escolha "binária" entre uma curta extensão do Brexit para antes de 23 de maio ou um adiamento mais longo, até ao menos o final de 2019, com o Reino Unido obrigado a realizar uma eleição em 23 de maio para o Parlamento Europeu.
"Qualquer extensão oferecida ao Reino Unido deve durar até 23 de maio de 2019 ou ser significativamente mais longa e demandar eleições europeias", disse o documento. "Essa é a única forma de proteger o funcionamento das instituições da UE e a sua capacidade de tomar decisões."
Estados da UE que deveriam receber cadeiras legislativas a mais após o Brexit precisariam tomar conhecimento até meados de abril se não teriam mais acesso às vagas devido à permanência do Reino Unido.
A nota também dizia que, em qualquer permanência estendida, o Reino Unido deveria, "em espírito de lealdade", comprometer-se com questões fundamentais, como o orçamento de longo prazo da UE e o preenchimento dos cargos da UE após as eleições de May.