O primeiro-ministro britânico, o conservador Boris Johnson, perdeu nesta terça-feira (3) sua maioria no parlamento, após o parlamentar conservador Philip Lee desertar para a fileira dos democratas liberais pró União Europeia (UE).
"Os liberais democratas têm o prazer de anunciar que o deputado Phillip Lee, de Bracknell, se juntou ao LibDem", afirmou o partido em comunicado.
"O governo conservador está buscando um Brexit prejudicial, colocando vidas em risco ... e ameaçando injustificadamente a integridade do Reino Unido" declarou Phillip Lee, por sua vez, também no comunicado.
Johnson, por sua vez, afirmou que viajará à Irlanda na próxima semana, depois de dizer que o progresso das conversações sobre o Brexit estão centradas na controvertida fronteira irlandesa.
"Discutirei com o primeiro-ministro Leo Varadkar quando o ver em Dublin na segunda-feira", afirmou Johnson ante o Parlamento, anunciando que esta será sua primeira visita ao país vizinho desde que chegou ao poder em julho. A fronteira entre a Irlanda e o Reino Unido é um dos principais impasses do Brexit.
Brexit sem acordo
O premiê britânico perdeu a maioria justamente no momento em que enfrenta um desafio dos deputados contrários a um Brexit sem acordo, o que pode resultar em eleições legislativas antecipadas e ações judiciais contra a suspensão da atividade parlamentar. Os legisladores voltaram ao trabalho depois das férias de verão, em um dia que pode ser crucial para o conturbado processo de saída do Reino Unido da UE em 31 de outubro.
Na semana passada, o chefe de Governo provocou uma onda de indignação ao anunciar a decisão de suspender as atividades do Parlamento entre o dia 10 de setembro e 14 de outubro, apenas duas semanas antes da data prevista para o Brexit, que poderia ser brutal se ele não conseguir renegociar o acordo com Bruxelas. Os deputados opositores e os conservadores contrários ao Brexit sem acordo criticaram a medida como uma tentativa de impedir seu trabalho.
Para contra-atacar a medida, os deputados tentarão apresentar e aprovar em caráter de urgência uma lei que obrigue o Executivo a pedir à União Europeia um novo adiamento da data de saída do bloco na ausência de um acordo.
— Eles querem nos forçar a implorar por outra extensão sem sentido — denunciou Johnson no início da sessão, garantindo que isso enfraqueceria sua posição de negociar com Bruxelas.
Contudo, para isso, a chamada "aliança rebelde" deve primeiro assumir o controle da agenda parlamentar do governo.
O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, deve decidir se deve permitir um debate urgente e uma votação ainda nesta terça. Se eles ganharem o controle, os adversários apresentarão sua proposta na quarta-feira.
— Esta Câmara tem uma última chance de impedir que este governo atropele os direitos constitucionais e democráticos do país — disse o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn.
Na segunda-feira (2), Johnson ameaçou as eleições antecipadas em 14 de outubro se os rebeldes votarem contra o governo. O primeiro-ministro justificou a data alegando a necessidade de um novo mandato perante o Conselho Europeu em 17 e 18 de outubro, no qual ele espera que a UE concorde em modificar o Tratado de Retirada assinado por Theresa May e rejeitado três vezes pelo parlamento.