Políticos do Partido Trabalhista reiteraram, nesta quinta-feira (15), seu pedido para que outras legendas da oposição e alguns conservadores britânicos respaldem o líder trabalhista Jeremy Corbyn. A ideia é impedir um Brexit sem acordo, derrubando o governo do primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
— Temos que trabalhar em conjunto. Embora não goste do que os outros digam, temos que impedir um Brexit sem acordo — afirmou Rebecca Long-Bailey, parlamentar referência da oposição para assuntos de economia, em declarações à rede BBC.
O governo de Johnson mostrou-se determinado a abandonar a União Europeia (UE) em 31 de outubro, mesmo sem um acordo com Bruxelas. Contudo, o líder conservador dispõe de uma pequena maioria no parlamento britânico, confrontando-se com uma forte oposição composta pelos trabalhistas, com 247 deputados, pelo partido nacionalista escocês (SNP), com 35, e pelos liberais, com 14 representantes.
Long-Bailey pediu à nova presidente do partido liberal democrata (Lib Dem), Jo Swinson, que mude de posição e deixe de lado suas diferenças com a cúpula trabalhista. Embora tenha garantido nesta quinta-feira que estava disposta a trabalhar com quem for para deter Boris Johnson, durante seu primeiro discurso após sua nomeação à frente do Lib Dem, Swinson também expressou suas reservas em relação a Corbyn. Para ela, trata-se de um "fator de divisão" no seio do trabalhismo.
Swinson sugere um governo presidido pelo deputado com uma trajetória mais longa na Câmara dos Comuns, como o conservador Ken Clarke, ou a trabalhista Harriet Harman — figuras que não buscam permanecer por muito tempo no poder.
O nacionalista escocês Ian Blackford também manifestou seu apoio a uma moção de censura, enquanto Liz Saville Roberts, do partido galês Plaid Cymru (que conta com quatro deputados), deixou a porta aberta para respaldar um Executivo unitário, formado por toda a oposição.
Governo provisório
Corbyn escreveu nesta quarta para os principais partidos de oposição, assim como para quatro deputados conservadores, para lhes apresentar seu plano para evitar um Brexit sem acordo.
"Este governo não tem um mandato para levar a cabo uma saída sem acordo, e o referendo de 2016 não rendeu um mandato para uma saída sem acordo", afirmou o líder trabalhista em sua carta. "Por este motivo, apresentarei uma moção de censura o quanto antes, quando estivermos certos de ganhá-la", acrescentou.
Depois de apresentar a moção de censura, Corbyn explicou que tentará obter o apoio da maioria dos deputados para presidir "um governo provisório, por um período limitado, com o objetivo de convocar eleições gerais".
Para organizar essas eleições antecipadas, o líder trabalhista deseja obter uma nova extensão do Brexit, atualmente previsto para 31 de outubro. Nessas hipotéticas eleições, Corbyn defenderia a organização de um novo referendo sobre a presença do Reino Unido na UE.