O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (20) novas sanções contra o Banco Central do Irã e disse esperar que a medida seja punição suficiente ao país, descartando por enquanto a opção militar.
Trump disse que essas serão "as maiores sanções já impostas contra um país". Os novos bloqueios afetam o banco central e o Fundo Nacional de Desenvolvimento do Irã, as últimas fontes de recursos do país que não estavam afetados pelas restrições, segundo a Casa Branca.
— Penso que sanções funcionam e que (usar) militares funcionaria, mas esta é uma forma muito severa de vencer — disse Trump.
No ano passado, os EUA classificaram o chefe do banco central iraniano, Valiollah Seif, como terrorista, e o acusou de repassar dinheiro para o Hezbollah.
Apesar da estridência do anúncio, não está claro se as novas medidas terão impacto de fato na economia iraniana, já fortemente pressionada por sanções desde o fim de 2018, quando os EUA se retiraram do acordo nuclear fechado com Teerã e retomaram as restrições à economia do país.
As novas sanções foram decididas após ataques a instalações de petróleo na Arábia Saudita no fim de semana passada, cuja responsabilidade os Estados Unidos atribuem ao Irã.
O país asiático nega ter participado desses atos. Rebeldes houthis, que lutam na guerra civil do Iêmen contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, assumiram a autoria do ataque. Eles são apoiados pelo Irã.
O governo saudita mostrou à imprensa nesta sexta-feira (20), pela primeira vez, os estragos em suas instalações de petróleo. Um grupo de jornalistas teve acesso à área afetada pelos ataques, onde se vê danos à infraestrutura e guindastes espalhados no meio dos resíduos calcinados.
No momento dos ataques, que reduziu pela metade a produção de petróleo na Arábia Saudita e causou aumento nos preços, "havia entre 200 e 300 pessoas nas instalações em Khurais", disse Fahad Abdelkarim, um dos diretores da Aramco, petrolífera estatal dona das instalações.
Segundo as autoridades sauditas, pelo menos 18 drones e sete mísseis foram usados nos ataques. As perdas materiais são consideráveis. Grandes tubos metálicos foram deformados pelo impacto das explosões.
O campo de petróleo de Khurais, no leste da Arábia Saudita, sofreu quatro ataques e ficou em chamas por cinco horas, segundo a Aramco.
Em Khurais, os técnicos ainda estão avaliando os danos causados a um estabilizador, a torre de metal que serve para remover gás e hidrogênio do petróleo.
Retomada total da produção até fim de setembro
Abqaiq, 200 quilômetros ao nordeste de Khurais, abriga a maior usina de processamento de petróleo do país. No local, foram registrados 18 ataques, segundo responsáveis da Aramco. Ali, 6 mil trabalhadores atuam nos reparos.
Apesar dos danos, a Aramco está otimista com a retomada total da produção até o final de setembro.
— Uma equipe de emergência foi formada para reparar a usina, relançar as atividades e recuperar a produção. Menos de 24 horas após o ataque, 30% da usina estava operacional — disse Abdelkarim.
A visita foi organizada um dia depois da visita à região do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que pareceu tentar acalmar a situação, afirmando que os EUA "privilegiam uma solução pacífica" com o Irã.
O número dois da diplomacia saudita, Adel al-Jubeir, reagiu, advertindo que toda complacência encorajaria o Irã "a cometer outros atos de terrorismo e sabotagem" na região.
Risco de "guerra total"
Na quinta, o governo do Irã disse que um ataque militar contra o país resultaria em uma "guerra total".
— Não queremos guerra, não queremos entrar em um confronto militar. Mas não piscaremos para defender nosso território — afirmou o ministro iraniano das Relações Exteriores, Javad Zarif.
Atuante no Iêmen desde 2015, a coalizão liderada pela Arábia Saudita anunciou na quinta-feira (19) o início de uma operação militar contra os rebeldes houthis, o primeiro ataque desde a agressão contra as instalações petroleiras sauditas na semana passada.
Os houthis disseram que houve uma grave escalada nos ataques em Hodeida, o que pode colocar em risco um acordo de paz fechado em dezembro, que previa uma trégua naquela região.
O presidente chinês, Xi Jinping, pediu nesta sexta-feira para se evitar que as decisões "favoreçam uma escalada" e condenou os ataques contra as instalações petrolíferas.