Pelo menos uma criança de quatro anos saiu da Escola Infantil Anjos e Marmanjos, de Canoas, por supostamente ter sido xingada pela mesma professora que agora está afastada por suspeitas de maus-tratos e ameaças contra alunos. O menino teria ficado apenas cinco dias na escola, na turma do Jardim 1. Isso ocorreu entre fevereiro e março deste ano e foi denunciado à prefeitura de Canoas.
— Ele chorava, não queria ir para a escola, e nos contou que a professora chamava ele de "praga, desgraçada". Fizemos denúncia na Secretaria Municipal de Educação e tiramos ele de lá — contou ao Grupo de Investigação da RBS (GDI) uma tia da criança, Priscila Quadros dos Santos.
Segundo ela, o primeiro passo da família foi contatar a diretora Letícia Ferreira, que teria negado os fatos, dizendo que essas coisas não aconteciam na escola.
— Depois, falamos com a central de vagas da Secretaria de Educação, que nos passou para um fiscal, que ficou de falar com a escola. Ele falou mesmo, pois quando fui buscar as coisas do meu sobrinho, a diretora me cobrou se havia sido eu que tinha denunciado a escola e eu disse que sim. Ela queria que a gente fosse em uma reunião com outras mães para ver como a professora era boa e que todos a elogiavam. Não fomos e tiramos meu sobrinho — declarou Priscila.
Desde 1º de abril, a criança frequenta outra escola com vaga da prefeitura.
Na sexta-feira (6), reportagem do GDI revelou áudios que indicam supostos maus-tratos, ameaças e até injúria racial por parte da professora, cujo nome não é revelado pela escola. São frases como:
— Cala a tua boca e come.
— Vou te cortar tua mão, te juro.
— Eu tenho nojo daquela nega.
A partir do material, a Polícia Civil e o Ministério Público abriram investigações sobre o que ocorria na escola (ouça, acima, os áudios).
Quando o GDI mostrou as gravações à escola, a diretora Letícia e a coordenadora, Josiane Silva, negaram reconhecer a voz como sendo de uma professora do local. Mas uma hora depois, a escola afastou a professora das funções por 10 dias para fazer apuração interna. A mulher trabalha há cinco anos na Anjos e Marmanjos.
O que diz a Escola Infantil Anjos e Marmanjos
Teve um caso assim, de uma criança que ficou quatro dias. Houve reclamação por telefone, a direção chamou a mãe e ela nunca apareceu.
O que diz a Secretaria Municipal de Educação de Canoas
No momento, não temos informação desse caso. Vamos apurar.