— Apesar de ter 40 trens, estou no limite da disponibilidade.
A afirmação do diretor de Operações da Trensurb, Diego Tarta, ilustra o paradoxo vivido na empresa: o pátio está lotado de veículos, mas, sobre os trilhos, faltam trens. Dos 40 que compõem a frota da empresa, 12 estão parados — nove deles são novos, da série 200.
O usuário, que convive com superlotação e interrupções frequentes, é o mais prejudicado. Com mais veículos disponíveis, a Trensurb poderia fazer testes de uso de trens articulados — dois trens que viram um só. Em horários de pico, poderiam ser usados até três veículos articulados de uma vez, o que diminuiria a lotação dos trens e a quantidade de passageiros esperando nas estações.
Outro problema apontado pelo diretor de operações é que a falta de trens impacta diretamente na rotina de manutenção dos veículos:
— Como temos problemas graves na série 200, a série 100 (trens antigos) está rodando mais do que eu gostaria. Ela é um equipamento antigo, mas não consigo parar para reformá-lo. Por conta disso, terei duas frotas com problemas no futuro.
Diego Tarta já expôs sua preocupação em debate interno entre dirigentes da Trensurb. Em uma correspondência enviada em 27 de abril deste ano, ele alerta: "hoje é o segundo dia consecutivo que operamos com apenas dois trens da série 200, totalizando 24 trens em disponibilidade. Porém deveríamos ter disponíveis, no mínimo 26 trens (24 operando e dois na reserva). Caso haja qualquer problema com um destes trens, teremos consequências sérias, perdendo e atrasando viagens e, por conseguinte, não atendendo os usuários a contento."
Também diz que "são enormes os transtornos operacionais causados pela substituição dos TUEs da série 200 por trens da série 100." E reforça: "me parece que se multiplicam as dificuldades do consórcio FrotaPoa em atender os cronogramas estabelecidos para entrega dos trens em pleno funcionamento." Por último, aponta que o relatório com diagnóstico completo da frota, solicitado em março do ano passado, um mês após a posse da nova diretoria, só foi entregue em abril deste ano.
— As inconstâncias da série 200 e as oscilações do número de trens disponível não me trazem confiança — admite.