Assolada por dívidas em torno de R$ 140 milhões, a unidade gaúcha da Cruz Vermelha Brasileira, organização reconhecida mundialmente por serviços de ajuda humanitária, encerrou atividades em Porto Alegre em maio do ano passado, quando perdeu a sede onde funcionava desde 1940.
O tradicional prédio no número 993 da Avenida Independência, na área central de Porto Alegre, foi leiloado em 2020 por causa de cobrança por um prestador de serviços.
O arrematante tomou posse do imóvel ano passado, depois de a Cruz Vermelha não ter sucesso em recursos judiciais. A entidade questionava o valor de avaliação, que foi de R$ 1,7 milhão. Desde então, o escritório gaúcho não tem espaço para desenvolver suas atividades.
Era na Independência que a Cruz Vermelha Brasileira do Rio Grande do Sul (CVBRS) depositava doações destinadas a comunidades carentes e realizava atividades do ambulatório de Saúde Mental (para adultos, crianças e adolescentes) e dos departamentos de Migrantes, de Infância e Adolescência, de Meio Ambiente e de Idosos. Os trabalhos tinham cerca de 50 voluntários.
Conforme o presidente da CVBRS, Ismael Pereira, desde que perdeu o imóvel, a entidade ficou sem condições de alugar novo espaço:
— Neste momento de resposta às chuvas do RS, estamos com acordo de uso de um galpão de logística em Gravataí. A CVBRS está sem sede. As ações foram paralisadas, exceto algumas ações da Equipe de Saúde Comunitária, que armazenou os equipamentos e uniformes em suas casas.
Pereira afirmou, no entanto, que um novo escritório deverá ser instalado no Tecnopuc.
A unidade gaúcha da Cruz Vermelha voltou ao noticiário esta semana em função de uma investigação aberta pela Delegacia de Defraudações do Rio de Janeiro. Flavia Aires, que foi interventora na unidade gaúcha e atua agora no Rio, procurou a polícia em fevereiro para registrar suspeita de que a atual diretoria da CVBRS teria feito mau uso de R$ 5,4 milhões. O valor, pago à entidade em dezembro de 2022, é decorrente de um contrato de gestão de dois hospitais que a CVBRS tinha com o governo do Rio.
Flavia disse a GZH que, em agosto de 2023, logo que assumiu como interventora da entidade no RS, esteve no Ministério Público Estadual do RS para relatar a mesma suspeita. Questionado pela reportagem, o MP não deu retorno sobre se alguma investigação do caso foi feita.