Após nove dias da passagem do ciclone extratropical, a região sul do Estado, a mais afetada pelo evento climático, ainda sofre. Em algumas localidades, a energia elétrica ainda não restabelecida, e por consequência, começa a faltar água em alguns pontos.
Em Morro Redondo, moradores relatam a falta de luz desde as 19h da última quarta-feira (12), antes mesmo da passagem do ciclone. Na região da Colônia São Pedro, o abastecimento de água do município vem sendo afetado.
Em conversa com GZH, Silvia Signorini, 48 anos, conta que o abastecimento de água em sua residência depende de uma bomba, que funciona somente com energia elétrica. Como alternativa, ela e o seu marido carregam diariamente baldes para o interior de casa para realizarem tarefas diárias.
— Nós enchemos os baldes e levamos para casa, assim consigo lavar louça, roupa e tomar banho. Na verdade, o banho tem que ser de canecas e bacias de alumínio para manter a água quente ou se não ir até a casa de familiares e amigos na zona central da cidade.
Silvia tem duas filhas, uma de 13 e outra de 18 anos. Uma está morando na casa do padrinho, enquanto a outra na casa de um amigo. A alternativa foi para melhorar a rotina da casa, que está há nove dias sem luz.
A dona de casa, que está em tratamento contra um câncer de mama, na última semana realizou um procedimento que exigia repouso e tranquilidade.
— O meu exame foi na quarta-feira em que a luz faltou, a orientação do meu médico era que eu ficasse calma e tranquila, além de não levantar peso. Porém estou em um estresse tremendo, preocupada e levantando peso porque preciso carregar os baldes.
Em relação aos alimentos, ela relata que conseguiram manter um pouco dos produtos pois tinham um gerador.
— A situação da falta de energia na nossa região é comum, por isso adquiri esse gerador quando meu pai estava doente. Mas nunca foi por tanto tempo.
A situação se repete com o morador de Capão do Leão, Luiz Ademar, 61 anos, que é produtor rural e está com o seu trabalho prejudicado. O agricultor planta morangos, e com a falta de luz, não consegue utilizar o sistema de irrigação para manter a produção saudável. Além do trabalho, ele fala também das dificuldades com a mudança de rotina:
— Com essa situação, tenho que ir até o Jardim América, que é cerca de 7 km de distância do assentamento em que eu moro, para tomar banho. Tenho 10 mil pés de morangos plantados e não consigo irrigar nenhum, o prejuízo vai ser grande.
CEEE Equatorial
GZH buscou a CEEE Equatorial para entender a situação e o trabalho desenvolvido pela concessionária. A empresa emitiu um comunicado na quinta-feira (20), afirmando que todos os pontos já estavam operando em normalidade após o ciclone, e que qualquer situação seria “pontual e específica”.
A empresa pede para que os clientes que ainda estejam sem luz, registrem ocorrências pelos canais de atendimento:
- Whatsapp (51) 3382-5500, para solicitar religação e informar falta de energia (basta adicionar o telefone à sua lista de contatos);
- Site ceee.equatorialenergia.com.br;
- Teleatendimento: 0800 721 2333;
- Para falta de energia, SMS 27307, que deve ser preenchido com a palavra LUZ e o número da Unidade Consumidora (UC), encontrado no canto superior direito da fatura de energia.
Inquérito Civil
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), por meio das Promotorias de Justiça de Pelotas, Rio Grande e São Lourenço do Sul, instaurou inquéritos civis para investigar a CEEE Equatorial em virtude dos clientes que ficaram sem o fornecimento de energia elétrica.
Na Promotoria de Justiça de Pelotas, o inquérito tem como objetivo apurar se a concessionária atuou no sentido de prevenir as falhas no fornecimento, isso porque este não foi o primeiro fenômeno climático severo que aconteceu no ano e que prejudicou o fornecimento de energia para a cidade.
Já o expediente instaurado pela Promotoria do Rio Grande busca investigar a conduta da CEEE em virtude do número de consumidores que ainda estão sem luz no município, passados vários dias do episódio climático. E em São Lourenço do Sul, o inquérito vai acompanhar a regularização do fornecimento do serviço e verificar se houve falha na prestação de serviço. Também foram registradas denúncias de consumidores sem energia elétrica em São José do Norte.