Provocados a contribuir com as reportagens sobre a Varig, leitores de Zero Hora e ouvintes da Rádio Gaúcha enviaram 130 textos com suas experiências junto à companhia. Esse número corresponde aos formulários preenchidos no portal GZH e aos relatos enviados pelo WhatsApp (51) 996674125.
Via de regra, passageiros, pilotos, comissários e familiares de ex-funcionários se dizem orgulhosos da empresa fundada em Porto Alegre, no ano de 1927, vendida ao grupo Volo Brasil em 20 de julho de 2006 — data que completa 15 anos nesta terça-feira (20). Nilva Teixeira de Sampaio, 82 anos, diz que a história de sua vida se mescla com a da companhia, "por ter sido a própria Varig uma grande família”, compara. É viúva do piloto Alfredo Sampaio, profissional que voou 40 anos na companhia. Filho de ambos, Rodrigo Sampaio seguiu os passos do pai — após 18 anos na Varig, foi contratado por uma empresa aérea de Hong Kong, onde está até hoje.
Ao dizer que sente “saudade”, “um imenso carinho” e “sentimentos profundos de admiração, orgulho, estima e amor”, ela remete a época em que a companhia liderou o setor no Brasil. Nilva pondera, nas memórias, um de apreensão: o voo 863, pilotado por seu marido, foi sequestrado. A aeronave seguia para Cuba, na América Central, mas foi tomado por jovens que fugiam do regime militar, em 1969, segundo a viúva do piloto. O momento de angústia, “um dos maiores de sua vida”, como define, é descrito em detalhes.
— Eu estava sozinha em casa com nossos filhos quando recebi a notícia. Fui para a casa dos meus pais e lá mantive o rádio ligado a noite inteira, na expectativa de alguma notícia. Deixei (o rádio) embaixo do travesseiro, ou da cama, não lembro bem, preocupada que as crianças pudessem acordar e ouvir alguma notícia ruim. Elas ainda não sabiam do sequestro — detalha.
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Nilva temeu o que os sequestradores fariam contra a tripulação. Pensou nos planos da família — na época, já haviam nascido Fernanda, Martha e Rodrigo. Uma imagem, compartilhada com a reportagem de GZH, comprova o final feliz dessa história: junto aos filhos, o reencontro, na capital gaúcha.
— Só me tranquilizei quando chegou a notícia que eles tinham pousado no Brasil. Saber que ele estava no Rio foi uma bênção. Lá, a tripulação ainda foi submetida a um interrogatório pelos militares, e nós, as famílias, não tínhamos como falar com eles. A paz e a alegria só foram completas, quando eu e minhas filhas pudemos abraçá-lo no aeroporto Salgado Filho aqui em Porto Alegre — relembra.
Um momento de tristeza para a família Sampaio é compartilhado por outros milhares de brasileiros: o dia em que a Varig parou. Para as irmãs Cassilda e Cecília Cassal, os aviões eram como grandes brinquedos no pátio de casa. Não por menos: elas cresceram no mesmo terreno da pista de pouso de Tramandaí, no Litoral Norte. O pai, Getúlio Osvaldo Cassal, era telegrafista e comandava os equipamentos de instrução para os pilotos.
Na casa de madeira, instalada no campo, a tripulação era recepcionada. Por vezes, as aeronaves desciam na região devido às condições climáticas que inviabilizavam o pouso na Capital. Próximo da pista de saibro, relembram as irmãs, havia uma grande antena, uma biruta — equipamento que indica a direção do vento —, um galpão de ferramentas e precários hangares para abastecimento, além de luminárias para auxiliar os comandantes à noite.
— Meu pai precisava passar por código Morse as informações meteorológicas duas vezes ao dia, para orientar o pequeno tráfego aéreo da região. Assim crescemos — define uma das irmãs, a médica dermatologista Cecília Cassal, 58 anos.
Fotografias em preto e branco mostram os primos de Cassilda e Cecília escorados nos aviões de pequeno porte que chegavam e saíam da pista. Não raro, os animais que pastavam na área precisavam ser tocados para longe da pista.
— Assim crescemos, minha irmã e eu, aprendendo o formato das nuvens, os cirros e a direção dos ventos, as conversas dos adultos sobre as lendas que cercam a Lagoa dos Quadros — complementa a médica.
O campo foi desativado e se transformou no bairro Zona Nova, para atender o crescimento populacional de Tramandaí. Parte da família Cassal segue vivendo na mesma área.
Os relatos publicados no site GZH dão conta também de experiências pioneiras na vida de muitos gaúchos. Michel Gioda nunca havia frequentado qualquer aeroporto. Teve a estreia em um avião da Varig, rumo ao Rio de Janeiro, no final da década de 1980: “Infelizmente a Varig não existe mais, mas as memórias e o momento vivido por mim jamais se apagarão da minha memória” — garante o morador de Santiago, na região central do Estado.
Na mesma época, Lialice Schmitt realizou feito semelhante — seu primeiro voo mereceu uma ida às lojas do Vale do Rio Pardo para a compra de roupas novas. Ela lembra que o pai não se conteve. “A emoção para minha família foi tão grande que meu falecido pai contou para todos os amigos e parentes sobre a viagem. Conhecer São Paulo e Rio de Janeiro não foi importante naquele momento. Mas entrar num avião, comer a comida que as aeromoças serviam, e falar para os amigos: eu já voei de avião e foi com a VARIG, a melhor e maior do mundo” — elogia.
Já Maria Pocidone Medeiros da Silveira, pode dizer que integrou a família Varig de forma mais profunda que os demais empregados. Na década de 1960, ela foi governanta na casa da família que presidia a companhia, relembra o filho, Robson Medeiros da Silveira: “Ela tinha amor pela Varig, dizia que a família era muito humana e unida. A única vez que a minha mãe, já falecida desde 2008, andou de avião foi com a Varig, uma viagem para a Argentina. Ainda guardamos em casa o selo de comprovante de mala dessa viagem”.
Leia a íntegra de outros relatos compartilhados pelos leitores de GZH:
Fui piloto da Varig durante 35 anos. Era uma empresa tão importante e segura que foi escolhida para transportar S.S. o Papa João Paulo II do Rio para Roma, por ocasião de sua 2ª visita ao Brasil, em 1997. Com muita honra, fui escolhido para ser o comandante deste histórico voo. Até hoje, guardo na lembrança o semblante austero e humano desse Papa. Guardo com carinho alguns souvenires oferecido por Sua Santidade, entre eles uma medalha dourada, um terço em madrepérola e uma carta do Sumo Pontífice em agradecimento à Varig e sua tripulação pelo confortável e seguro voo. Guardo também as fotos carinhosamente enviadas pelo Vaticano, tiradas pelo fotógrafo especial do Observatório Romano. Como comandante ,tive a honra de transportar nas asas de seus belíssimos aviões milhares de passageiros ao redor do mundo sem nenhum incidente. A tristeza profunda foi assistir à sua derrota frente as dificuldades da época. Varig foi sinônimo de segurança, rapidez, bom gosto e satisfação. A Varig, mais que uma empresa aérea, foi uma grande família. Saudades.
Alcides Mendes, de Petrópolis, Rio de Janeiro.
Minha falecida avó foi uma das referências de maior afeto e valores, como o trabalho, que eu tive. Ela era copeira, na antiga Gerência Comercial, prédio que funcionava na Rua Andrade Neves. Nosso "prêmio" de ir bem na escola e passar de ano era acompanhá-la ao trabalho, normalmente já no final do ano, para tomar um sorvete nas Lojas Americanas e ver a árvore de Natal, que, há época, a Prefeitura montava na Praça da Matriz. A Varig fazia parte do nosso imaginário de criança e aqueles escritórios movimentados nos anos 80, proporcionavam o encontro com jogadores de futebol e celebridades gaúchas — conheci lá Tarcísio "Flecha Negra", Mazaroppi, e outros — que eram usuários frequentes da Companhia. Tenho até hoje brindes, como chaveiros guardados e um peso de papel, comemorativo aos 55 anos da Empresa. Já adulto, tive uma única oportunidade de voar pela Varig. E que oportunidade! Comprei uma passagem aérea para São Paulo, mas o voo, na verdade, só fazia uma escala em Guarulhos. Ele se dirigia para Paris, numa famosa rota mantida pela Companhia. Como havia sido praticado overbooking, eu acabei, depois de alguma briga, embarcado na 1ª classe. E lá fui eu num voo que ia para Paris e iniciava servindo champanhe aos seus clientes. Poucos anos depois, a Varig encerraria suas atividades, mas jamais deixará de ocupar um lugar muito especial no meu coração, como no de milhares de gaúchos, que tiveram a oportunidade de conhecer a empresa no seu esplendor e ter, a partir dela, uma referência do que era transporte aéreo com qualidade e o melhor atendimento ao passageiro. Para mim, em especial, é uma lembrança da minha avó, uma das tantas construtoras anônimas dessa excelência.
Andrew Carvalho Pinto, de Porto Alegre.
Lembro de um evento ocorrido em um voo noturno do Rio de Janeiro com destino a Porto Alegre. Terminavam de servir a janta quando houve uma inesperada turbulência que fez com que um prato com sobras da janta caísse entre o encosto da cadeira e minhas costas. Prontamente, quando foi possível limparam tudo e pediram mil desculpas. Logo, veio um comissário perguntar-me se teria alguém me apanhando no aeroporto. Respondi que não. Perguntou se eu residia em Porto Alegre, disse que sim. Depois, solicitou meu ticket e pediu que aguardasse no banco após a chegada na Capital. Pelo incômodo, a Varig estava disponibilizando um transporte até minha residencia no bairro Menino Deus. Quando cheguei em frente ao prédio, um vizinho perguntou: "trabalhas na Varig?" Disse que não e comentei o ocorrido. A resposta dele: "esta é a Varig!".
Jose Floriani, de Porto Alegre.
São muitas as lembranças da Varig que marcaram a minha vida! Aos 19 anos, meu irmão, Sergio Petrillo, foi selecionado para trabalhar como comissário da empresa. Era uma alegria quando voltava de viagem e trazia lembranças. Quando começou a fazer viagens internacionais, foi baseado no Rio de Janeiro e, volta e meia, conseguia uma passagem GC, grátis condicional, e levava a minha mãe e eu para passarmos férias no Rio. Para os meus 14 anos, era uma festa! Ele trabalhou por mais de 40 anos na Varig. Ainda tenho uma foto dele e de alguns colegas dentro do avião com o Papa João Paulo II e um pratinho de refeição que foi usado no serviço de bordo da viagem de Sua Santidade na volta para Roma. Muitas lembranças: as camisas de meu irmão eram engomadas e não podiam ter uma ruguinha, a caixa de plástico onde eram servidas as refeições à bordo, os bombons da Varig! Saudades!
Lia Petrilli Dutra, de Porto Alegre.
Minha família toda trabalhou na Varig. A história de amor com a Varig, começou com meu avô Guido, depois com os seus dois filhos Eduardo (meu pai) e Ricardo. Tenho 40 anos de idade e, desde infância, eu sonhava em trabalhar na Varig. Tudo o que brincava era avião, desenhava avião, brincava de Lego e tudo virava avião. Até que em março de 2000 eu realizei o sonho! Visualizar aqueles imensos aviões sendo desconstruídos e novamente construídos (é quase isso que acontece em um check completo de manutenção) de perto e poder fazer parte disso era muito mais gratificante do que qualquer salário que eu recebia. Foram 8 anos de Varig, passando pela VEM (Varig Engenharia e Manutenção) e depois TAP, empresa portuguesa que adquiriu a parte da manutenção de aeronaves. Além de viver por toda essa transição até o fim das operações da empresa, o período em que trabalhei trouxe mais um fato marcante em minha vida: conheci a minha esposa Pricila, que também trabalhava na empresa, juntamente com o meu sogro Marcelino. Cada encontro de família é praticamente uma reunião de Variguianos. Sempre com as melhores lembranças possíveis de uma empresa tão familiar, mas tão familiar, que todos que trabalharam nela a chamavam de "a mãe Varig".
Lucas Lohmann, de Cachoeirinha.
Em julho de 2006, após dois meses em Londres para intercâmbio acadêmico, meu marido e eu fomos até Heathrow para embarcar de volta para o Brasil, em um vôo da Varig. Foram horas de tumulto, com pessoas disputando lugar no que se dizia ser o último vôo da Varig partindo de Londres para o Brasil. Não ficaram claros quais os critérios de seleção para os passageiros que conseguiram embarcar, mas todos fomos comunicados que deveríamos aguardar por novos avisos da empresa. Nem sei se ofereceram hotel, pois meu marido e eu regressamos à casa de meu ex-orientador de doutorado, que havia nos hospedado naquele período. Nos dias seguintes, participamos de ações junto com os demais passageiros, indo ao consulado, etc. Depois de uma semana, a Varig nos embarcou para Frankfurt, de onde poderíamos finalmente vir para o Brasil. Enquanto esperávamos o embarque, ansiosos para saber se daria tudo certo, fomos chamados ao balcão onde tivemos troca de bilhetes, por motivos que não foram esclarecidos. Ao entrar no avião, entretanto, tivemos imensa surpresa ao sermos direcionados para a primeira classe — não a classe executiva ou similar, mas realmente fomos instalados em duas das quatro poltronas de primeira classe do voo! Cabine fechada, poltronas que se estendiam em camas, aeromoça exclusiva, café da manhã com uma rosa na mesa. Algo que dois professores universitários como nós jamais poderiam experimentar por conta própria! Enfim, desculpamos a Varig pelo atraso!
Nance Beyer Nardi, de Arroio do Sal.
Minha família toda trabalhava na Varig na mesma época, décadas de 70, 80, 90. Avô, avó, mãe, tio e tia, tio avô. Eu cresci ouvindo que "a Varig era uma mãe brasileira". Nossa vida era boa e farta, nossa família era unida e feliz graças às oportunidades que a empresa nos ofereceu. Todos respiravam a Varig, bem como a maioria dos gaúchos não queria ter nascido em outro estado. A história da minha família foi toda vivida em meio ao cenário Varig. Desde os talheres antigos até as bandejas que usavam no magnífico serviço de bordo, ao saírem de uso pela empresa viraram peças de estimação lá em casa. Bolsas e sapatos que as comissárias usavam, na troca de coleção, eram incorporadas à moda da minha avó que foi telefonista até se aposentar. Os assentos da cozinha de casa eram forrados com o tecido laranja dos bancos dos aviões quando saíam de uso também. Bolsas de viagem de férias, as histórias divertidas do meu tio que era office boy, o orgulho que minha mãe esbanjava por trabalhar lá como secretária, abotoaduras do terno que vestiam meu avô junto com o brilho dos olhos dele ao comandar a central de veículos. Tudo lá em casa e nos nossos corações era "Varig, Varig, Varig", como se cantava no comercial. Eu era apenas uma menininha que cresceu amando a empresa que montava o melhor parque de diversões no pátio, entre o serviço médico e o ginásio de esportes, sempre no Dia das Crianças. No Natal, tinha presépio, Papai Noel e presente, claro. Sem contar as inúmeras viagens que fizemos porque os funcionários tinham esse benefício, entre tantos outros. São tantas e tantas lembranças que rechearam as nossas vidas que posso dizer, com toda certeza, que a Varig fez a vida da família Portes muito feliz. Nosso eterno agradecimento emocionado que só quem viveu a era Varig pode dimensionar. Orgulho imenso de ter feito parte da magnífica Viação Áerea Riograndense ainda que pelos olhos de uma pequena menina. Tenho certeza que tudo valeu a pena. Basta perguntar para qualquer "variguiano", tenho certeza que qualquer um toparia voltar no tempo e fazer tudo de novo.
Fernanda Portes, de Belo Horizonte, e família de Porto Alegre.
Meu pai foi comandante da Varig até se aposentar, em 1996. Voou no Electra, 737-200 e 300, 767, terminando a carreira no MD-11. Minha mãe, apesar de casada com piloto, tinha verdadeiro pavor de voar de avião. Uma das poucas vezes que ela voou fora do eixo São Paulo (onde morávamos) para Porto Alegre (onde visitávamos a família) foi em uma ida para Buenos Aires. Começa o voo, meu pai como piloto, minha mãe nervosa como sempre. Logo após a decolagem, a comissária entra na cabine e diz: "Comandante, a sua esposa está muito nervosa, acho melhor o senhor ir vê-la". O pai se levanta, sai da cabine. Quando minha mãe o vê, começa a gritar "Ney, volta pra cabine, não deixa aquele outro piloto sozinho", causando um certo pânico entre os demais passageiros. Também gosto de lembrar dos tempos do serviço médico, perto do aeroporto, tanto em São Paulo quanto em Porto Alegre, onde sempre ia no oftalmo e no pediatra. Principalmente aqui em Porto, no Dr. Picolli, que me atendia quando criança, e anos depois também foi pediatra da minha filha.
Nei Cossio Senandes, de Porto Alegre.
Voei como menor desacompanhada desde os meus seis anos de idade, devido a separação dos meus pais. Minha mãe foi morar longe, e eu voava muito para visitá-la , pois minha residência até hoje é Porto Alegre. Sempre que eu chegava de um voo, falava para para o meu pai que quando eu crescesse iria ser igual a “moça bonita” que me cuidava dentro do avião. Em 2021, completei 20 anos de voo. Sou comissária com muito orgulho e com muita história pra contar. No perfil @carinaninarosa fiz um breve relato no último Dia do Comissário de Voo (31/05/21). Nunca havia mandado algum e-mail ou mensagem para a jornal, mas quando li sobre esta matéria no Instagram, pensei: “A Varig construiu a minha história de vida, pois me despertou sonhos e objetivos a serem conquistados na minha fase adulta”. Não podia deixar de relatar algo tão profundo em mim.
Carina Rosa, de Porto Alegre.
Para meus pais Alfredo e Almerina Rossato Guerra, o sonho de voar pela primeira vez se deu no dia 7 de maio de 1987, em um voo para o Rio de Janeiro, dia em que a Varig completava 60 anos. Durante o voo, o comandante fez um agradecimento especial e todos os passageiros receberam um diploma por estarem a bordo naquela data tão significativa para a companhia. Para meus pais foi um orgulho e uma honra fazer parte deste momento histórico. Hoje, não estão mais entre nós, mas guardo com carinho os diplomas. Obrigada Varig por ter proporcionado a eles tanta emoção.
Eliane Guerra Tonet.
A Varig literalmente fez (e ainda faz) parte da minha vida, pois sou filho de um aeronauta que voou seus incríveis aviões por mais de 30 anos. Foi através de meu pai e desta empresa que eu tive as melhores experiências da minha vida. Tive a felicidade de conhecer alguns países do mundo, desenvolvi um forte senso de responsabilidade profissional e de união pela minha família, e pude perceber, de forma inequívoca, o quão conceituada e grandiosa era essa empresa para os exigentes padrões mundiais de qualidade e segurança. Esses bons exemplos e a educação que eu tive ajudaram a moldar a pessoa que eu sou hoje. Meu pai teve uma carreira brilhante, pilotando desde o DC-3 em exposição lá no Shopping Boulevard (sim, aquele mesmo que está lá) até os modernos e majestosos Boeings 747 e 777. São tantas histórias, recordações e exemplos de vida que é difícil lembrar e não se emocionar. Obrigado Varig. Obrigado variguianos e clientes. E, principalmente, obrigado meu querido pai, Comandante Delamar Moreira dos Santos.
Marcelo Luz, de Porto Alegre.
Essa história é do meu pai, Paulo Henrique Wolf, que dedicou 40 anos de vida trabalhando na Varig. Iniciou como mecânico de avião em Porto Alegre. A empresa viu seu potencial e de outros colegas e investiu neles para se tornarem engenheiros de voo. Daí por diante, sempre teve oportunidade de crescer, passando por voos nacionais, cargueiros e internacionais, como na vez que trouxe o Grêmio de Tóquio em 1995. Chegou com um sorriso no rosto e com uma camisa autografada por todo o time para o meu irmão gremista, mesmo ele sendo um colorado fanático. Quem teve a chance de voar pela Varig como eu, com certeza só terá lembranças boas de uma empresa acolhedora, uma verdadeira família pra todos que faziam parte dela, seja como funcionários ou passageiros. A parte triste foi o fim, com a falência e as dívidas com as aposentadorias dos funcionários, que até hoje lutam pra receber tudo o que contribuíram para o fundo de pensão. Ainda assim, tenho certeza que para eles nunca haverá empresa aérea igual, sinônimo de orgulho para gaúchos e brasileiros.
Gisele Wolf, de Porto Alegre.
A Varig esteve presente em vários momentos da nossa vida. Tenho comigo um par de abotoaduras que retrata um motor de um avião. Quer saber como chegaram até mim? Pelas mãos do engenheiro Romeu José Hoffmann, que trabalhou na Varig por longos anos. Ele participou do lançamento do primeiro jato operado pela Varig. Em um dos vôos inaugurais, que ele tomou parte, os passageiros foram brindados com um par de abotoaduras, que ele regalou ao meu pai, e estão até hoje na nossa família. Também guardo as passagens, cartões de embarque de minha primeira ida ao EUA: do interior do RS para o interior do EUA em três meses de intercâmbio. Que lembrança boa, com a participação da Varig! Quer uma história boa? Minha querida tia Anita fez uma viagem pela Varig. O dinheiro era contado e, por isso, ela, educadamente recusou todos os lanches que foram oferecidos. Ela não sabia que eram gratuitos e tinha medo da conta. Ainda bem que tinha uns biscoitos na bolsa. Saudades das maletinhas dos lanches. Cada pai ou mãe que viajava trazia para os filhos o brinde. Era um luxo só brincar de boneca com as maletinhas da Varig. Saudades boas!
Débora de Souza Bender, de Santa Maria.