A cada dia que passa a Justiça Estadual do Rio Grande do Sul recupera um pouco do terreno perdido, após o ataque de hackers que paralisou toda sua atividade informática. A invasão dos computadores do Judiciário foi detectada na madrugada de quarta-feira (28) e os reflexos continuam, apesar dos esforços das equipes de Tecnologia da Informação (TI) do Tribunal de Justiça, que não pararam de trabalhar nem no feriado (1º de maio) e nem neste domingo (2). Graças a eles, a instabilidade no eproc, o mais moderno dos sistemas digitais usados pelos juízes, foi contida e ele voltou a funcionar. Ele concentra cerca de 25% das ações digitais.
— O eproc é utilizado nos processos mais recentes e já está normalizado. Isso porque o provedor dele fica no Exterior, é mais seguro. No dia do ataque, tivemos de tira-lo fora do ar, por precaução. Ele é utilizado em cerca de 25% dos acessos ao sistema — informa o desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira, presidente do Conselho de Comunicação do TJ.
Os outros 75% das ações processuais são alimentadas por dois outros sistemas, o themis (usado para documentar os processos físicos) e o e-themis (só para processos virtuais, assim como o eproc). Esses dois tipos de procedimentos ainda estão fora do ar. Ou seja, tudo que é mais antigo não pode ser acessado.
O site do TJ alerta que o portal está temporariamente indisponível, mas alguns serviços podem ser acessados (como o eproc). Já para os outros sistemas não há previsão de retorno.
“Quando se tratar de medida urgente, o peticionante deverá avisar por telefone ao plantonista da respectiva matéria. O protocolo de medidas urgentes cujo processo principal tramitar nos sistemas TJP e Themis2g (Portal do Processo Eletrônico) se dará por meio físico, no Serviço de Plantão do Foro Central I”, avisa do site do TJ. Policiais, promotores e advogados fizeram petições à mão, aos magistrados, no auge da invasão hacker.
O Tribunal de Justiça sequer sabe se processos antigos desapareceram, porque esses sistemas estão inoperantes. Quando foi tentado acesso, no primeiro dia do ataque, uma mensagem automática dos hackers aparecia, informando que só devolveriam a chave para abrir a criptografia do sistema se recebessem bitcoins. Uma das informações é que seria o equivalente a US$ 5 milhões em moeda virtual - ou R$ 26 milhões. O TJ não confirma esse valor, nem qualquer negociação com hackers. Apenas tirou do ar os sistemas mais vulneráveis.
— Vamos apagar o incêndio antes, para depois fazer o rescaldo, ver o tamanho do prejuízo — resume, com uma metáfora, o desembargador Vinicius.
Entre servidores do Judiciário circula a informação de que 12 mil servidores saíram do ar no momento do ataque hacker e apenas 70 teriam retornado. O TJ não confirma isso, mas admite que equipes de TI estão acessando fisicamente todos os computadores (máquinas) do Judiciário e realizando limpeza com antivírus. Em paralelo, outro antivírus é rodado no sistema abastecido virtualmente pelos processos.
Ainda não há uma previsão de quando os sistemas themis e e-themis voltarão.