No quarto dia de mobilização nacional em protesto contra a alta nos preços dos combustíveis, caminhoneiros fazem diversas manifestações em rodovias no Rio Grande do Sul. A paralisação afeta setores essenciais como o de transporte (ônibus vão operar com horário reduzido), serviços públicos (algumas cidades estão suspendendo atividades) e transporte aéreo (aeroportos anunciam possível falta de combustível). Produtos como leite, aves e suínos não estão chegando ao seu destino.
De ponto a ponto, GaúchaZH faz um resumo dos impactos da greve dos caminhoneiros, confira abaixo:
Ônibus
Porto Alegre e região metropolitana: os veículos circulam em regime emergencial nesta quinta-feira. Nos horários de pico, na manhã, até as 8h30min, e à tarde, das 17h às 19h30min, a operação será normal, mas nos demais horários as linhas funcionarão apenas de hora em hora. Na Região Metropolitana, será adotada tabela de sábado nas faixas de menor movimento.
Lixo
Porto Alegre: caminhões ficaram trancados na BR-290, carregados com lixo, e por isso não conseguiram chegar até o aterro sanitário de Minas do Leão.
Outros serviços públicos
De acordo com a Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), 372 prefeituras gaúchas irão paralisar as atividades na sexta-feira (25).
Santa Vitória do Palmar: a prefeitura declarou estado de calamidade pública e determinou que todo o combustível existente na cidade seja considerado de utilidade pública para fins de desapropriação.
São Lourenço do Sul: a prefeitura já suspendeu serviços não essenciais e que dependem do uso de combustíveis. O objetivo principal é garantir o atendimento à população na área da saúde.
Combustíveis
Na Capital, uma série de estabelecimentos já está fechada por falta de gasolina. Outros estão vendendo apenas etanol ou gasolina aditivada. O cenário de quem precisou abastecer na Capital nesta quinta-feira (24) foi desanimador: filas de carros que davam voltas nas quadras prenunciavam horas de espera para ter vez nas bombas. Do início da manhã até o entardecer, a busca por combustível causou transtornos na Capital.
Aviação
Dois caminhões carregados com combustível foram encaminhados ao aeroporto Salgado Filho, no fim da tarde desta quinta-feira (24). O carregamento garante que a operação ocorra normalmente no aeroporto até o meio-dia desta sexta-feira (25), segundo a assessoria da Fraport, empresa alemã que administra o terminal. Não há previsão de novos caminhões com combustível para o aeroporto.
Correios
Postagens de encomendas com dia e hora marcados, como Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje, foram suspensos pela estatal.
Alimentos
Ceasas e supermercados: no dia de maior movimento nas Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa) em Porto Alegre, há menor número de compradores e vendedores do Interior e de fora do RS – segundo a direção, o que ainda compensa é o movimento de produtores da Região Metropolitana. Supermercados também começaram a registrar desabastecimento de alguns produtos.
Leite: o Sindicato da Indústrias de Laticínios do RS informou que metade dos 12,6 milhões de litros de leite cru captados em 65 mil propriedades rurais pode ser perdida se a manifestação continuar. Isso porque o tempo de deslocamento da propriedade até a indústria não pode ser superior a 48 horas. A Dália Alimentos disse em nota que, caso a greve dos transportes se mantenha por mais dias, a empresa será obrigada “a paralisar as atividades” nas duas unidades de Arroio do Meio na próxima semana.
Aves e suínos: a unidade frigorífica de suínos da Dália Alimentos, em Encantado, vai paralisar as atividades a partir de sexta (25). Em nota, a empresa explicou que está sofrendo “desabastecimento da matéria-prima e dos insumos necessários para a fabricação dos produtos” e que, além disso, “a capacidade de estocagem está plenamente esgotada”. A Cooperativa Central Aurora Alimentos comunicou que vai paralisar totalmente as atividades das indústrias no Rio Grande do Sul e em mais três Estados quinta e sexta. Com a medida, 2 milhões de aves e 40 mil suínos deixarão de ser processados nesses dois dias.
Indústrias
Veículos: a General Motors suspendeu, na terça-feira, a produção na fábrica de Gravataí, na Região Metropolitana. Não há previsão de retomada. Segundo a montadora, o movimento dos caminhoneiros está impactando o fluxo logístico nas fábricas em todo o Brasil, com reflexo nas exportações. Em comunicado, a GM cita a falta de componentes.
Educação
A UFRGS cancelou aulas na sexta e sábado devido à greve dos caminhoneiros. Entre as outras universidades que suspenderam as aulas e atividades até sábado estão a Universidade de Cruz Alta (Unicruz) e a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).
Algumas das principais universidades gaúchas, como Unisinos, PUCRS, Ulbra, UCS e Feevale, afirmaram que suas atividades acadêmicas e administrativas estão mantidas.
A Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), que tinha vestibular agendado para domingo (27) em todas as suas unidades, reagendou o processo seletivo, que agora deve acontecer em 10 de junho.