Considerada mais intensa do que as mobilizações anteriores dos caminhoneiros, a greve em protesto contra a alta dos combustíveis já provoca apreensão em razão dos prejuízos que poderá causar. O Sindicato das Indústrias de Laticínios e Derivados do Estado (Sindilat-RS) estima que se o movimento não for encerrado até o final desta terça-feira (22), amanhã não será possível buscar leite nas propriedades.
O presidente da entidade, Alexandre Guerra, projeta que metade dos 12,6 milhões de litros de litros recolhidos diariamente no Rio Grande do Sul, possam ficar nas propriedades.
– A partir de amanhã (23), se não conseguirmos transportar o produto que está nos postos de resfriamento, não temos como recolher leite na casa dos produtores – afirma Guerra.
Há caminhões parados com leite cru nas estradas, situação que preocupa porque o transporte tem de ser feito dentro de 48 horas, da propriedade até a indústria. Depois desse prazo, a qualidade fica comprometida e o produto poderá ter de ser descartado.
Além disso, os postos de resfriamento estão cheios, justamente porque os veículos não conseguem sair, inviabilizando o escoamento. É por essa razão que as empresas não poderão fazer a coleta amanhã (23), caso a paralisação se mantenha.
Também há veículos com produtos processados impedidos de circular. Outra preocupação é com o fornecimento de insumos, que também poderá ser afetado.
– Neste ano, a situação é muito mais delicada. Entendemos que pleito é legítimo, mas infelizmente o setor lácteo já vem sofrendo há tempo – lamenta o presidente do Sindilat-RS.
O setor de carnes também está preocupado. Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), afirma que "a continuar este quadro, há risco de falta de produtos para o consumidor brasileiro". Também cita que "animais poderão morrer no campo com a falta de insumos". Já há relatos de frigoríficos com o abate suspenso.
"Contratos de exportação poderão ser perdidos e há um forte aumento de custos logísticos com reprogramação de embarque de cargas. Os prejuízos para o setor produtivo e para o país são incalculáveis", acrescenta a entidade.