O cenário de apreensão em Mato Grosso devido à greve dos caminhoneiros não deve se repetir no Rio Grande do Sul. No Estado do Centro-Oeste, maior produtor nacional de soja, ainda falta escoar cerca de 30% da safra do grão, segundo a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) local. Desse volume, 20% não foi negociado. Ou seja, a distribuição poderá ser afetada pelo movimento.
– A paralisação é preocupante. Tem bastante soja para ser retirada – disse, Antônio Galva, presidente da Aprosoja-MT.
No RS, a estimativa da Associação das Empresas Cerealistas (Acergs) é de que 60% da colheita já tenha sido comercializada. O presidente Vicente Barbiero diz que a conta feita indica que o volume a ser embarcado via porto de Rio Grande seria de 300 mil toneladas de soja até o final de junho, o que é considerado um prazo razoável.
Na matemática da entidade, 10,8 milhões de toneladas já teriam sido vendidas. Desse volume, cerca de 2 milhões de toneladas foram para a indústria, 4 milhões para a exportação e 1 milhão de toneladas tem navios nomeados para embarque entre maio e junho. Como o estoque do porto é avaliado em 700 mil toneladas, seria necessário fazer chegar ao porto as 300 mil toneladas até o final de junho. Outras 3,8 milhões já comercializadas precisam ser levadas até o final de agosto.
Luis Fernando Fucks, presidente da Aprosoja-RS, também avalia que o movimento, por ora, não tenha efeito sobre o escoamento do principal item de exportação do agronegócio gaúcho:
– Pelo que tem de soja lá no porto, só se a greve for longa a coisa deve complicar.
Para o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil, Roberto Queiroga, a paralisação tem potencial para prejudicar o transporte da safra de grãos do RS:
– Apesar de estarmos oficialmente em uma entressafra, parte dos grãos cultivados na primeira etapa da temporada 2017/18, dentre eles a soja, ainda está sendo transportada.