Ao apresentar um levantamento sobre a receita que será gerada no Rio Grande do Sul neste ano em razão da safra colhida, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) reforça a tese de que há valor agregado em um "simples" grão de soja, por exemplo.
Se considerados os impactos pós-produção, a contribuição dada pela entrada da safra na economia gaúcha é ainda maior. Somadas indústria e agrosserviços, agroindústrias, distribuição e impostos indiretos, a entrada da safra vai gerar R$ 129,3 bilhões na economia do Estado.
— Para cada real faturado no campo, são gerados mais R$ 3 na cidade, nos outros segmentos econômicos — completa Luz.
Para provar o argumento, usa os números. Dos R$ 39,16 bilhões de faturamento com a colheita deste ano (aumento de 12,2% em relação a 2017), dois terços – ou seja, R$ 26,04 bilhões – vêm de setores não agrícolas, mas que são alimentados pela atividade de produção.
É o caso da indústria de fertilizantes, petroquímica, química e farmacêutica, entre outras.
— São pessoas que estão produzindo no meio urbano, mas é a entrada da safra que garante a continuidade daquele negócio — afirma Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
O presidente da entidade, Gedeão Pereira, diz que o conceito de atividade primária está ficando equivocado e precisa ser revisto. A ideia de que um grão de soja exportado é apenas commodity, sem valor adicionado, é baseada em uma realidade que não existe mais:
— A agricultura moderna pressupõe que até termos o grão, já se agregou muito valor.
E se 2017 foi ano de safra cheia e bolso vazio, em 2018, a produção encolheu, mas o rendimento será maior nas culturas de milho e soja na média do Estado.
Reflexo da melhora substancial no preço, em reais, turbinada pela variação cambial. A expectativa de rentabilidade maior na soja e no milho compensou as perdas registradas no arroz – que terá faturamento 12,8% menor.