Em busca de empresas interessadas em elaborar o anteprojeto para a construção de uma nova ponte internacional, a prefeitura de Porto Xavier relançou o edital. Na primeira tentativa, no começo de março, houve apenas uma candidata, mas que não estava habilitada, conforme a administração.
O novo edital traz algumas mudanças técnicas, mas, segundo a prefeitura, o principal diferencial está na publicidade que está sendo dada na segunda tentativa.
— Já temos grupos cadastrados e aparentemente habilitados — afirmou o secretário municipal de Desenvolvimento, Turismo e Mercosul, Ovídio Kaiser, sem dar detalhes.
Empresas interessadas em participar da licitação têm até o próximo dia 23 para se cadastrar junto à prefeitura. A decisão da disputa deve ser conhecida no dia 27. Ganhará o processo aquela que ofertar o menor valor pelo serviço — a prefeitura aprovou verba de R$ 402 mil para investir no edital.
A empresa vencedora terá quatro meses para executar o anteprojeto, que vai detalhar desde a localização da ponte e suas dimensões até os acessos à estrutura, tanto pelo lado brasileiro quanto pelo argentino, bem como a estimativa de custos da obra. A expectativa da prefeitura, entretanto, é de que o estudo esteja pronto ainda no primeiro semestre.
As autoridades regionais correm contra o tempo para não perder os R$ 81 milhões destinados pela bancada federal gaúcha através de emendas impostivas. Como a verba faz parte do orçamento da União de 2018, a nova ponte precisa ter o anteprojeto concluído e aprovado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), além de ter a licitação da obra concluída. Com isso, garantirá que o governo federal empenhe a verba da bancada.
O modelo a ser adotado deverá ser o Regime Diferenciado de Contratação (RDC), por ser o modo mais ágil, uma vez que o projeto final é realizado de forma simultânea à execução da obra.
— O recurso pode entrar somente no que vem, quando a construção começar. Só precisamos empenhar o valor para que ele não seja remanejado para outra obra — afirma o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB), um dos principais defensores da ponte junto à União.
Conforme o parlamentar, o presidente Michel Temer, ao tomar conhecimento da ideia da ponte — que deverá contar a história jesuítica-guarani por meio da arquitetura e de monumentos —, ficou "encantando" e deverá levar um documento pedindo pela aprovação do presidente argentino, Mauricio Macri, durante a 8ª Cúpula das Américas no Peru. O encontro entre os dois deve ocorrer nesta sexta-feira (13) ou no sábado (14).
A OBRA
Onde: entre Porto Xavier, no norte gaúcha, e San Javier, na Argentina
Tamanho: entre 550 e 900 metros, dependendo da localização da obra
Valor: será definido após o anteprojeto — mas foi estimado em US$ 147,9 milhões (cerca de R$ 480 milhões na cotação atual) em estudo anterior do Dnit e em R$ 200 milhões por autoridades locais
Tempo projetado para construir: de dois a três anos (vai depender do projeto)
Concepção: a prefeitura de Porto Xavier projetou uma "ponte-monumento" para tornar a obra uma atração turística e parte do Circuito das Missões Jesuíticas Guaranis
Estrutura: no projeto, a ponte seria estaiada, com a imagem-símbolo das reduções jesuíticas nas cabeceiras, os pilares exibiriam a cruz missioneira e esculturas em homenagem a heróis como Sepé Tiarajú, o cacique Ignácio Abiaru e padres missionários jesuítas