Única forma de atravessar o Rio Uruguai na região, balsas com capacidade de 200 toneladas (até seis carretas) operam há mais de 40 anos entre Porto Xavier e San Javier. Batizada de Deusa do Uruguai, a embarcação brasileira em operação faz a travessia 10 vezes por dia. A principal reclamação entre os usuários é a limitação de horários: começa às 8h45min, vai até o meio-dia e retoma o serviço entre 14h45min e 18h.
— Meus pais têm quase 90 anos, e moram na Argentina, se algo acontecer com eles à noite, só chego no meio da manhã seguinte — reclamou a professora Ester Renner, 61 anos.
Além de turismo, principalmente dos argentinos para o litoral brasileiro, e de compras ocasionais dos dois lados, dependendo do câmbio, a relação de parentesco é um dos principais laços na região fronteiriça. O casal de agricultores Gervásio e Ana Anícia Perius, de 62 e 59 anos, mora no Paraguai há duas décadas, mas volta com frequência para Campina das Missões. Na última terça-feira (31), quando retornavam para casa, tiveram de esperar quase duas horas na fila de embarque, porque era feriado municipal em Porto Xavier (Dia da Reforma Protestante) e os horários da balsa são ainda mais limitados — só seis viagens.
— Quando tem enchente, então, ficamos mais de uma semana sem balsa — lembra Ana.
O outro fator de conexão é a exportação. Na primeira vez que usou o serviço, o caminhoneiro paraguaio Francisco Fernandez, 23 anos, elogiou a rapidez com que conseguiu passar pelo porto de San Javier com a carga de 30 toneladas de milho, pelo fato de não haver filas. Ao chegar do outro lado do rio, decepcionou-se ao saber que teria de esperar um dia pelo serviço da aduana.