Do outro lado do Rio Uruguai, de frente para a gaúcha Porto Xavier, está localizada uma cidade semelhante em muitos aspectos à irmã brasileira. Reúne um pouco mais de habitantes, cerca de 14 mil, também foi erguida em torno de uma praça (foto acima), há uma usina de cana de açúcar (só que o produto final é o açúcar) e um de seus principais pontos turísticos é um cerro ligado à mesma lenda de um monge que seria o responsável pela maldição de Porto Xavier.
Além de produtos agrícolas, como erva-mate, tabaco e madeira, San Javier conta com diversos órgãos públicos, cujos servidores somam cerca de 6,3% da população. Como a cidade está no leste da província de Misiones — cujas fronteiras com o Brasil e o Paraguai são maiores do que o limite com o restante da Argentina —, as ligações internacionais são de extrema importância. E uma ponte com o Brasil recoloca geopolítica e economicamente no Mercosul a pequena cidade.
— É um passo gigante e histórico para a gente — comemorou o prefeito de San Javier, Enio Lemes.
Secretário de Relações Institucionais local, Hugo Gomez lembra que a ponte é fundamental para um projeto maior na Argentina: a construção do porto de Santa Ana, do lado oeste de Misiones. À beira do Rio Paraná, a obra, em processo de licitação, fica a 78 quilômetros de San Javier e a conectará, via fluvial, a Buenos Aires e, consequentemente, ao Oceano Pacífico — leia-se China.
A relevância do combo porto mais ponte é tão significativa para os missioneiros argentinos quanto brasileiros: o porto de Rio Grande fica a 720 quilômetros de Porto Xavier e Santa Ana estará a uma distância nove vezes menor.