Pelo menos 160 mil pessoas são afetadas pela falta de água potável causada pela estiagem que atinge o Estado, conforme a Defesa Civil. A Zona Sul, a mais afetada, tem 11.857 moradores convivendo diariamente com o racionamento. Na região, 21 municípios adotaram a medida para fornecer água aos moradores, principalmente, comunidades do interior, que são abastecidos por caminhões-pipa. Na Fronteira Oeste e Campanha, são pelo menos 150 mil moradores afetados – a região inclui Bagé, município com cerca de 100 mil habitantes. No Estado, já são 28 municípios com racionamento de água.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, a prefeita de Cristal, Fábia Richter, relatou que o município, apesar de ter o decreto de emergência homologado pelo Estado e reconhecido pela União, ainda não sabe se o plano de resposta será atendido. O município pediu 285 kits com cestas básicas e caixa d'água, além de reposição de valores gastos com combustível para levar água até o interior.
A prefeita relatou também que 80% da soja foi perdida e que que o governo tenha ações com continuidade, e não pontuais. Ela lembrou que a falta de água potável tem causado o adoecimento de moradores:
— As ações tem que ser imediatas. As pessoas estão com dificuldades para beber água, e nós notamos um número maior de doenças diarreicas, porque diminui quantidade de água, e aumenta concentração de micro-organismos. Além de adoecer, cacimbas estavam secando. Poços secaram. Conseguimos atravessar o poderoso Rio Camaquã a pé, e não molhamos o joelho em alguns lugares — conta.
Segundo a Emater, os prejuízos na safra de 2018 devem superar os R$ 3 bilhões em relação à safra do ano passado, que foi recorde. Mesmo assim, esta deve ser a segunda maior safra dos últimos dez anos.
Conforme o diretor técnico da Emater, Lino Moura, soja e milho são as culturas mais prejudicadas pela estiagem. O granizo também causou grandes estragos para produtores de algumas regiões, mas isso não chegou a impactar em dados gerais. A previsão é de que 30,2 milhões de toneladas sejam colhidas em 2018.
Até agora, 31 municípios decretaram emergência devido à estiagem no Rio Grande do Sul. Destes, 17 tiveram a situação reconhecida pela União, e outros três aguardam a homologação por parte do Estado.