Depois de nove dias sem pancadas significativas, Bagé amanheceu com chuva nesta terça-feira (20). Embora a estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tenha registrado apenas 2mm até as 7h, o alívio dos moradores é visível pelas ruas molhadas.
Feliz da vida estava Luis Paulo Araujo, 55 anos, que tirou o estoque de guarda-chuvas de casa para vender na esquina das ruas 7 de Setembro e General Neto, seu ponto há 16 anos.
– Nem lembro a última vez que tinha vendido um. E aqui só se vende quando chove, ou seja... – disse o comerciante.
Desacostumado com as gotas, o servidor público Paulo Gilberto Duarte, 61 anos, foi ao supermercado sem guarda-chuva - e nem se importou de se molhar carregado de sacolas.
– Bah, isso aqui tá uma beleza. Só espero que chova mais e por mais tempo, porque o racionamento tem que acabar logo - disse Duarte.
O acumulado é muito baixo para solucionar os problemas causados pela estiagem que assola o município. Conforme a meteorologista da Somar Heloisa Pereira, seria necessário que a chuva se prolongasse de forma persistente por vários dias - o que não está previsto para a campanha e o sul do Estado, regiões mais necessitadas.
– Infelizmente, a chuva é muito pontual e espalhada, e o déficit de chuva é muito grande – afirma Heloisa.
Segundo ela, em Dom Pedrito, por exemplo, que fica a pouco mais de 70 quilômetros de Bagé, o acumulado foi sete vezes maior - 14mm nesta madrugada. Já em Rosário do Sul, na região central, foram 79mm, o que demonstra a irregularidade da chuva no Estado.
A previsão é de que a chuva siga irregular entre terça e quarta-feira. Na quinta-feira (23), o tempo já volta a firmar e, portanto, não há expectativa de cessar o racionamento em Bagé. Segundo a prefeitura, o abastecimento alternado por 12 horas no oeste e no leste da cidade pode permanecer por até 90 dias. Para se ter noção, a média histórica de chuva no município é de 132,9mm para fevereiro. Até agora, o acumulado é de 25,9mm.