Escolhido pela presidente Dilma Rousseff no começo de fevereiro para ser o líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE) tem uma missão dura pela frente. Ele será um dos principais articuladores do governo para recompor a base aliada e trazer de volta o apoio do PMDB, que se mostrou desvinculado do núcleo petista com a eleição de Eduardo Cunha (RJ) para a presidência da Casa.
A nomeação de Cunha fez com que Henrique Fontana (PT-RS) fosse substituído pelo cearense, pois o gaúcho não tinha boas relações com o peemedebista. Guimarães também enfrentou Cunha em 2013, quando ambos lideram seus partidos na Câmara. Agora, ele garante que as rusgas já passaram e garantiu que fará de tudo para priorizar o diálogo.
Em entrevista nesta segunda-feira a Zero Hora, o parlamentar informou que já conversou com o presidente da Câmara, com o líder do PMDB e com o vice-presidente, Michel Temer. Ele reconheceu que é preciso mais humildade e diálogo para que o Congresso volte a apoiar o PT de forma mais intensa. Confira, a seguir, os principais trechos:
Por que o Congresso está mais independente e menos ligado ao PT em 2015?
Não tem essa de Congresso mais ou menos independente. Eu, como líder do governo, vou tratar de construir uma agenda polítia que dê conta das matérias de interesse do governo e do país. Para isso, precisamos ser eficientes na articulação política. Temas como reforma política, os ritos de tramitação das Medidas Provisórias (MPs), vetos e CPIs, fazem parte da agenda do primeiro semestre.
Qual foi a missão que a presidente Dilma deu ao senhor?
Recompor a base do governo, que estava com sérios problemas, e construir a agenda. As disputas vão acontecer dentro das bancadas. O partido e o governo terão de dialogar muito com os movimentos sociais na busca da construção de uma pauta que dê conta dos programas sociais.
A presidente sempre foi criticada por dialogar pouco com o Congresso. Ela está mais aberta para isso?
Ela já sinalizou que receberá os líderes. Ela vai, como chefe da nação, recebê-los, dar orientação e, a partir daí, construir a governabilidade. A postura não estava errada. Terminamos uma eleição como se a oposição tivesse ganho. Ficamos esperando a pauta da oposição. A pauta é do governo, é de quem ganha. A retomada da iniciativa é nesse sentido. Precisamos de disposição para o diálogo, humildade e espírito público.