A disputa pela liderança do quadro geral de medalhas do Campeonato Mundial de Atletismo paralímpico, que ocorre em Kobe, no Japão, segue bastante acirrada entre Brasil e China. Após passar os dois primeiros dias na primeira colocação, a equipe brasileira foi ultrapassada neste domingo (19), pela delegação asiática, que soma dez contra oito ouros.
O Brasil ganhou mais duas medalhas douradas. Na final dos 400m da classe T11 (deficiência visual), a potiguar Thalita Simplício travou um duelo com a chinesa Cuiqing Liu e conquistou o tricampeonato mundial com o tempo de 57seg45 contra 58seg32. A brasileira acabou tropeçando nos metros finais e caiu ao cruzar a linha de chegada. O pódio ainda teve Lahja Ishitile, da Namíbia, que correu em 58seg37.
— Na chegada, travei muito no final. Ainda bem que caí depois da linha de chegada. Doeu muito esses 400m. Sabíamos que as adversárias queriam me superar. Mas conseguimos fazer uma boa prova no geral— comentou Thalita, que tem um glaucoma congênito.
Já o segundo ouro brasileiro veio com o paulista André Rocha, que venceu o lançamento de disco da classe F52 (atletas que competem sentados). Com a marca de 20m72cm, ele superou o croata Velimir Sandor, que ficou 80 centímetros atrás. O bronze foi para o lituano Kestutis Skucas com 15m88cm.
— Sensação única. São tantas coisas que a gente passa. Fui campeão em Londres 2017, mas fiquei fora do esporte por um tempo depois daquele feito. Voltei no ano passado, com o bronze em Paris 2023. E agora, com um ano muito bom para mim, conquistar o bicampeonato. Estou vivendo um momento muito bom. É a minha volta por cima— disse André, que tem 47 anos.
A terceira medalha do Brasil no domingo, de bronze, veio com Felipe Gomes nos 400m da classe T11 (deficiência visual). Com o tempo de 52seg65, ele garantiu um lugar no pódio. O ouro ficou com Cris Kinda, da Namíbia, com 52seg35, e o espanhol Eduardo Novas, foi prata com 52seg61.
— Sabia que teria de me esforçar até o final. Briguei até onde deu. Apesar da chuva, consegui fazer uma boa prova ao lembrar que os meus treinos bons em São Paulo foram melhores em dias de chuva. Queria o ouro, mas estou no pódio. Agora é continuar trabalhando para Paris 2024— comentou Felipe.
Com o bronze em Kobe, o paratleta entrou para a galeria dos maiores medalhistas do país em Mundiais de atletismo, agora com oito pódios em sua carreira. Foram dois ouros (nos 400m em Paris 2023 e 200m em Doha 2015), três pratas (nos 100m em Doha 2015, 100m em Lyon 2013 e 4x100m em Assen 2006), e três bronzes (100m e 400m em Dubai 2019 e 400m em Kobe).