O Brasil mostrou força no primeiro dia de competições do Campeonato Mundial de Atletismo paralímpico, que acontece em Kobe, no Japão. Com oito medalhas, sendo quatro de ouro, três de prata e uma de bronze, a equipe brasileira está em primeiro lugar no quadro geral. A China, com duas medalhas de cada cor, aparece em segundo.
Dos quatro ouros brasileiros, o destaque ficou com o paraibano Petrúcio Ferreira, que venceu os 100m da classe T47 (amputados de braço) com tempo de 10seg83 e comemorou o tetra. Campeão em 2017, 2019 e 2023, ele garantiu sua sexta medalha de ouro em mundiais.
— O trabalho que a gente constrói antes de chegar nessas grandes competições. E conseguir entregar esse 100% me deixa muito feliz. São 11 anos de carreira, acaba ficando um pouco mais ansioso. A classe T47 é uma das classes que mais cresceu no paradesporto e a prova mostrou isso. Ser atleta mais rápido do mundo é ser inspiração e exemplo para outras pessoas e outros atletas — disse o paratleta de 27 anos, que sofreu acidente com máquina de moer capim aos dois anos e perdeu parte do braço esquerdo, abaixo do cotovelo.
A medalha de prata na prova foi disputadíssima entre o polonês Michael Derus e o chinês Wang Hao, com vantagem para o europeu que levou a melhor nos milésimos de segundo — 10seg88.877 contra 10seg88.878. Outro brasileiro, o carioca Washington Nascimento Júnior fez 11seg09 e finalizou em sexto.
O primeiro ouro do Brasil no Mundial foi conquistado por Yeltsin Jacques nos 5.000m da classe T11 (deficiência visual). Com o tempo de 14min53seg97, o sul-matogrossense quebrou o recorde mundial e garantiu o bicampeonato.
— Estou muito feliz, foi uma prova muito forte, com vários atletas fazendo suas melhores marcas da vida. Mas a gente conseguiu se sair bem. Tivemos muito controle na prova, largando mais atrás para depois impor um ritmo mais forte nos últimos 1.500 metros — comemorou Yeltsin, 32 anos, que é o atual campeão paralímpico.
Yeltsin não subiu sozinho no pódio e teve a seu lado o paulista Júlio Agripino, prata com o tempo de 14min57seg70, que passa a ser o melhor de sua carreira. O japonês Kenya Karasawa, com 15min03seg25 garantiu o bronze.
No salto em distância feminina da classe T20 (deficiência intelectual), a paulista Zileide Cassiano melhorou seu desempenho em relação à edição passada, quando foi prata. Desta vez, com salto de 5m80cm, ela assegurou a medalha de ouro, superando a acreana Débora Lima, prata com 5m54cm e a turca Fatma Altin, bronze com 5m43cm. A brasileira Jardênia Félix também consegui a marca de 5m43cm, mas a potiguar ficou fora do pódio nos critérios de desempate, já que sua segunda melhor marca foi de 5m31cm contra 5m37cm da turca.
— Não foi fácil não, estávamos um pouco nervosas. Mas uma apoiou a outra e conseguimos essa medalha e mais uma dobradinha para o Brasil — disse Zileide, 26 anos.
Em outra prova feminina, lançamento de club da classe F32 (paralisia cerebral), o Brasil também obteve duas medalhas. A amapaense Wanna Brito quebrou recorde do campeonato com 26m66cm e levou o ouro, enquanto a paulista Giovanna Bosoclo foi bronze com a marca de 24m35cm. A tunisiana Maroua Ibrahmi, com 26m60com, ficou com a medalha de prata.
O lançamento de club é uma modalidade específica do paratletismo para pessoas deficientes acometidas por paralisia cerebral, acidente vascular cerebral ou lesão medular. É praticado com um instrumento semelhante aos bastões utilizados na ginástica rítmica, as chamadas maças, e o paratleta deve ficar sentado uma cadeira com altura máxima de 75 cm.
O paulista Vinícius Quintino garantiu a prata nos 100m da classe T72 (petra). Com o tempo de 17seg54, ele foi superado pelo italiano Carlo Calgani, ouro com 15seg39. O pódio ainda teve o lituano Deividas Podobajeva, bronze com 17seg82.
A petra é uma modalidade onde os atletas correm com triciclo sem pedais que é impulsionado com seus próprios pés, apoiando-se a uma armação com três rodas. com três rodas anexadas a um suporte para o seu corpo. O corredor tem o apoio de um assento e de suporte para tronco e guidão é utilizado para direcionar. Ela é disputada por competidores com paralisia cerebral.
O Mundial de Atletismo Paralímpico reúne 1.069 paratletas de 102 países. A delegação brasileira tem 46 paratletas e 10 atletas-guias.