A polêmica envolvendo a Seleção, presidência da CBF e governo federal em torno da Copa América 2021 chegou a um capítulo que parece ser o último. Nesta terça-feira (8), cinco dias depois de o elenco de jogadores afirmar nos bastidores que não queriam jogar a competição da Conmebol, um manifesto assinado pelos atletas e comissão técnica foi publicado nas redes sociais dos profissionais.
A nota apareceu primeiro nos stories dos perfis de Instagram. A mensagem foi publicada às 00h25min da quarta-feira (9), depois de vencer o Paraguai por 2 a 0, na noite de terça, no Estádio Defensores del Chaco, em Assunção. A partida manteve o Brasil líder e 100% nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2022.
Confira a nota na íntegra:
"Quando nasce um brasileiro nasce um torcedor. Para os mais de 200 milhões de torcedores escrevemos essa carta para expor nossa opinião quanto a realização da Copa América.
Somos um grupo coeso, porém com ideias distintas. Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil.
Todos os fatos recentes nos levam a acreditar em um processo inadequado em sua realização.
É importante frisar que em nenhum momento quisemos tornar essa discussão política. Somos conscientes da importância da nossa posição, acompanhamos o que é veiculado pela mídia e estamos presentes nas redes sociais. Nos manifestamos, também, para evitar que mais notícias falsas envolvendo nossos nomes circulem à revelia dos fatos verdadeiros.
Por fim, lembramos que somos trabalhadores, profissionais do futebol. Temos uma missão a cumprir com a histórica camisa verde amarela pentacampeã do mundo. Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não a Seleção Brasileira."
Entenda o caso
Entre quinta e sexta-feira, ainda em Porto Alegre, o capitão Casemiro e Tite afirmaram que todos os jogadores e membros da comissão técnica estavam unidos no movimento. Inicialmente a informação dizia que os atletas de clubes europeus não queriam participar da Copa América por preferirem as férias, depois, se entendeu que o motivo era a crise institucional pela qual a CBF passava.
Ao mesmo tempo que o torneio foi trazido em negociação com o governo federal, com negociações diretas com o presidente Bolsonaro, o encarregado pela federação esportiva, Rogério Caboclo precisava se defender de uma acusação de assédio moral e sexual a uma funcionária.
Com o afastamento de Caboclo do cargo, os posicionamentos dos atletas e comissão técnica arrefeceram. As manifestações foram prometidas para esta terça, mas já se sabia que Tite ficaria no cargo e que a Seleção teria todos seus jogadores em campo na Copa América — mesmo que ainda contrariados.
Tite pode complementar a lista de convocados para a Copa América nesta quarta-feira (9). A estreia está marcada para o domingo (13), contra a Venezuela, em Brasília, a partir das 18h.