A turbulência nos bastidores da CBF, com o pedido dos jogadores para não disputarem a Copa América e a denúncia de assédio contra o presidente Rogério Caboclo, dominou o pós-jogo diante do Equador, no Beira-Rio, vencido pela Seleção Brasileira por 2 a 0, na noite de sexta-feira (4). O resultado em Porto Alegre valeu para ampliar a vantagem brasileira na liderança das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar, em 2022 — mas não desviou o foco das perguntas na entrevista para o técnico Tite e na saída de campo para o capitão Casemiro.
O volante do Real Madrid garantiu, em entrevista ao repórter Eric Faria, da Rede Globo, que os jogadores querem e pretendem se manifestar sobre a participação na Copa América. Porém, disse que ainda não poderia falar sobre o assunto, o que deverá ocorrer apenas após o jogo contra o Paraguai, terça-feira (8), no Defensores del Chaco.
— Todo mundo já sabe o nosso posicionamento. Impossível estar mais claro, o Tite deixou claro. Existe respeito e hierarquias que temos de respeitar. Claro que temos que dar nossa opinião, queremos falar, mas não queremos desviar o foco. A Copa do Mundo para nós é isso, é importante, e hoje (sexta-feira, 4) ganhamos um jogo de Copa do Mundo. Queremos expressar nossa opinião, cada um julga o que é certo ou não, mas vamos falar — disse Casemiro.
O jogador ainda frisou que a intenção de não disputarem a Copa América, que foi realocada para o Brasil após a Argentina suspender o evento no país em razão da pandemia de covid-19, não era apenas dos jogadores que atuam na Europa ou de parte do grupo. Segundo Casemiro, a decisão é conjunta do grupo:
— Eu, como capitão, confirmo que nos posicionamos. Queremos falar em um momento oportuno. Não sou eu, não são os jogadores da Europa, como comentaram, mas quando fala alguém aqui, falam todos jogadores. Estamos todos juntos, grupo de jogadores, Tite, comissão técnica.
Na entrevista coletiva após o jogo, o técnico Tite pouco falou sobre a situação referente à Copa América. Disse que a manifestação do Casemiro foi "muito feliz" e comentou a respeito das especulações de que poderia estar de saída da Seleção Brasileira:
— Vocês têm a condição de levantar qualquer hipótese. Só é importante ter cuidado. Mas quero pensar no jogo que fizemos contra o Equador, que tem nove pontos, o melhor ataque da competição, e conseguimos 16 finalizações, sete no gol.
O treinador foi questionado, ainda, sobre como está se sentindo no comando da Seleção Brasileira, em meio à turbulência vivida nos bastidores da CBF. Tite assegurou que "está feliz consigo mesmo":
— Estou fazendo o meu trabalho normalmente, estou em paz comigo mesmo. Uma resposta extraordinária, que eu guardo para mim, o Barack Obama deu numa entrevista ao Pedro Bial e quero repetir. As minhas adversidades são muito pequenas em relação a pessoas que têm dificuldades muito maiores. As pessoas, quando querem me ouvir, querem ouvir solução. Sou abençoado, faço o que gosto.
Ele ainda justificou o abraço que recebeu dos jogadores após os gols da Seleção Brasileira, que foram interpretadas por algumas pessoas como um sinal de despedida.
— Alegria de 15 pontos em cinco jogos. Depois de sete meses sem jogar, de reunir atletas que jogaram final de Champions, com uma montagem de equipe desafiadora. Tivemos o problema do Thiago (Silva) que não vem, aí entra o Militão e joga muito. Aí tem o Lodi, mas a necessidade de colocar o Alex Sandro. Machucou o Dani Alves. Tem muito aquilo que eu falo de trabalho por trás, que é muito importante — ponderou, pedindo ao filho e auxiliar da Seleção Matheus Bachi para complementar:
— Esse grupo tem uma alma especial, gosta de estar junto. Isso reflete na relação dos altetas com a comissão técnica.
Agora, a Seleção volta à campo na próxima terça-feira (8), contra o Paraguai, no Defensores del Chaco, em Assunção. O rival é o quarto colocado nas Eliminatórias, com sete pontos — está invicto, mas com apenas uma vitória e quatro empates.