A última semana movimentou o futebol brasileiro e aproximou uma crise dos corredores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Tudo começou com a decisão da Conmebol em tornar o Brasil como a nova sede da Copa América deste ano — que começa no próximo domingo (13).
A partir daí, os jogadores da Seleção Brasileira cogitaram não disputar a competição, o técnico Tite esteve com o cargo ameaçado, e o presidente Rogério Caboclo foi denunciado em um caso de possível assédio moral e sexual por uma funcionária da CBF. Entre todas essas reviravoltas, o Brasil entrou em campo por duas vezes nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022 — vitória contra o Equador em Porto Alegre e contra o Paraguai em Assunção —, e Caboclo foi afastado do cargo por 30 dias.
Confira a linha do tempo da crise na Seleção Brasileira
Depois da Colômbia e da Argentina desistirem de sediar a competição marcada para o meio de junho, uma reunião na segunda-feira da semana passada fez com que a Conmebol escolhesse o Brasil como nova sede do torneio entre seleções. A entidade sul-americana contou com o apoio do presidente da CBF, Rogério Caboclo, e com a anuência do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Conforme revelado por Pedro Ernesto Denardin, colunista de GZH, na quinta-feira (3), os jogadores haviam manifestado para Tite o desejo de não disputar a Copa América no Brasil. Em um misto de insatisfação em virtude da forma como foi lidada a questão de trazer a competição para o país, mas também pelo esgotamento físico dos atletas, que ficariam sem férias. Dias depois, o jornal As, da Espanha, publicou que a decisão de não participar do torneio já havia sido tomada pelos jogadores.
Com os jogadores em silêncio desde que a Copa América havia sido transferida para o Brasil, restou ao capitão Casemiro se manifestar após a vitória contra o Equador, em Porto Alegre. Sem tornar público qual o posicionamento dos atletas, o camisa 5 da Seleção garantiu que os atletas iriam falar em momento oportuno — o que aconteceu após o jogo contra o Paraguai (confira abaixo).
— Queremos falar. Não queremos desviar o foco. A Copa do Mundo para nós é isso, é importante, e hoje (sexta) ganhamos um jogo de Copa do Mundo. Queremos expressar nossa opinião, cada um julga o que é certo ou não, mas vamos falar. Queremos falar em momento oportuno — disse, na última sexta-feira.
Depois da chance de boicote dos jogadores à Copa América no Brasil, perfis bolsonaristas passaram a atacar o técnico Tite, inclusive com a criação de uma hashtag #ForaTite. Informações daquele momento davam conta que o treinador poderia deixar o cargo após a partida contra o Paraguai. O jornalista André Rizek, do grupo Globo, publicou que Caboclo teria prometido ao governo federal a troca de Tite por Renato Portaluppi.
Em meio aos problemas com o grupo de jogadores e a comissão técnica, o presidente Rogério Caboclo vivia uma crise particular. Nas últimas semanas, ele foi acusado de assediar moral e sexualmente uma funcionária da CBF. Com a divulgação das conversas pelo ge.globo e pelos canais ESPN, Caboclo foi afastado do cargo por 30 dias.
Mesmo insatisfeitos com a situação e após a "ameaça" de boicote à Copa América, os jogadores da Seleção Brasileira decidiram participar da competição sul-americana, conforme publicado na última segunda-feira pelo colunista de GZH Eduardo Gabardo. A saída do presidente Rogério Caboclo do comando da CBF teria deixado o cenário um pouco mais tranquilo entre a direção da entidade e o grupo de jogadores e comissão técnica.
Cinco dias depois de o elenco de jogadores afirmar nos bastidores que não queriam jogar a competição da Conmebol, o zagueiro Marquinhos nega que os jogadores tenham se posicionado neste sentido. Casemiro havia prometido uma manifestação oficial depois do jogo contra o Paraguai, mas a fala veio através de nota divulgada nas redes sociais.
"(...) lembramos que somos trabalhadores, profissionais do futebol. Temos uma missão a cumprir com a histórica camisa verde amarela pentacampeã do mundo. Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não a Seleção Brasileira", conclui o texto, resumindo a posição do elenco e comissão técnica.