Inter Grande do Sul, diz uma das bandeiras atrás do gol oposto ao Gigantinho, no Beira-Rio. É impossível dissociar Inter e Rio Grande do Sul. Por isso, o reencontro dos dois é tão aguardado. Depois da tragédia climática que abateu o Estado, a volta do time ao RS, mesmo que não seja no Beira-Rio, será um momento histórico. Às 21h30min, no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul, a vaga nos playoffs da Copa Sul-Americana seria a coroação de uma noite memorável para os colorados. Para isso, basta ganhar do Delfín.
Serão quase 18 mil torcedores na casa do Juventude. O ambiente ficará bem próximo ao do Beira-Rio, algo que o Inter ainda não sentiu desde que o futebol parou. A outra partida como mandante, realizada em Barueri, teve uma vantagem logística mas uma óbvia desvantagem de pressão. Foi quase jogar em campo neutro, o que favoreceu o Belgrano.
Também por isso esse retorno ao RS é celebrado. Quantas vezes quando o jogo ficou ruim o Beira-Rio acordou, sacudiu e motivou o time? Quantas vezes o adversário ficou intimidado com o rugido das arquibancadas? São essas forças e essas memórias que permitem ao Inter acreditar na vitória e, mais do que isso, conseguir o resultado que dá um caminho melhor no futuro da competição.
Em um cálculo simples. Se vencer por um gol, o adversário é o Rosario Central. Por dois, a LDU. Por três, o Independiente del Valle. E por quatro ou mais, o Libertad. Ninguém no Inter admite, mas é consenso entre torcedores e analistas que no Paraguai está o melhor caminho (inclusive porque, se passar, terá outro paraguaio, o Ameliano, nas oitavas).
Mas adversário à parte, o importante é vencer. E reencontrar jogadores e torcida. A relação entre público e atletas foi renovada com a intensa participação dos profissionais nos resgates e na acolhida aos desabrigados pela enchente. O capitão Alan Patrick não escondeu a ansiedade pela volta:
— É um momento diferente para nós. Estamos improvisados (em São Paulo), mas tivemos a compreensão e a solidariedade com o povo do RS. O futebol nos dá o privilégio de levar alegria nesse momento difícil. Agora vamos reencontrar o nosso povo, estar mais perto. Ficamos felizes, mas sem perder a solidariedade. Temos amigos e familiares passando por uma reconstrução, podemos ajudar muitas pessoas. Vamos continuar nessa missão.
A junção entre futebol e solidariedade, tão celebrada pelo povo em geral, foi analisada por Alan Patrick:
— Pudemos mostrar essa aproximação, esse lado humano do atleta. Fortalecemos essa união entre nós, atletas, nossa torcida e a sociedade. Estamos todos juntos para sair mais fortes desta situação.
Ansiedade pelo reencontro
A torcida não abandonou o Inter. A casa cheia de Caxias do Sul deverá ser repetida no Heriberto Hülse na quinta-feira (13), quando será mandante contra o São Paulo pelo Brasileirão. E nas arquibancadas estará Luana Zotti.
Ela estava em Barueri, na volta do Inter ao futebol. E já foi como visitante em diversos outros estádios do Brasil e da América do Sul. Organizou uma excursão só de gurias coloradas para Caxias do Sul. Por isso, está ansiosa pelo reencontro com o time agora do lado de cá da divisa.
— Apesar de toda tristeza que o Estado vive, é uma alegria ter um jogo de mandante no Rio Grande do Sul, mesmo não sendo na nossa casa. Mas a torcida vai se fazer presente para ajudar a trazer a vitória — diz, antes de finalizar com a frase definitiva:
— Mostramos que o Inter nunca está sozinho.
O retorno do Inter ao RS será completo. Além de jogar na Serra, a delegação, que chegou em Caxias na tarde de sexta-feira (7) não sairá mais. A partir de segunda-feira, começa a treinar no CT Morada dos Quero-Queros, em Alvorada, a casa da categoria de base colorada servirá de QG também para o time principal.