A vírgula que pontua críticas ao trabalho de Eduardo Coudet permanece na história que o treinador escreve em sua segunda passagem pelo clube. As atuações na Libertadores não são reproduzidas no Brasileirão. São um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, 10 jogos sem vitória na competição nacional após o empate em 0 a 0 com o Goiás, no sábado (2). Em outra forma de contar a série, passou todo julho, passou todo agosto e começou setembro e nada de somar três pontos.
A vitória mais recente foi no 2 a 1 sobre o América-MG, em 25 de junho. Aquele resultado catapultou o time ao G-6. Os autores dos gols mostram quanto mudou no clube nesses mais de dois meses, mas os colorados pouco saíram do lugar. Eles foram marcados por Jean Dias, fora dos planos no momento, e Alemão, negociado com o futebol espanhol. A seca se configura na terceira pior da história do clube no Brasileiro. Somente os 14 jogos em 2016 e os 13 em 1990 (11 naquele ano mais dois de 1989) estão à frente. Em uma temporada, o clube foi rebaixado, na outra se safou na rodada final.
Embora falar em terminar o ano entre os quatro últimos pareça fora de cogitação no momento, a situação incomoda o grupo de jogadores. O Inter terminou a 22ª rodada na 14ª posição, com 26 pontos, a cinco do Z-4.
— Temos de fazer uma autocrítica e tentar ganhar no Brasileirão antes que fique complicado — destacou o goleiro Rochet.
Até a ida da semifinal da Libertadores restam duas partidas. Ambas devem ser disputadas com a força máxima que Coudet terá em mãos. A partida contra o São Paulo será no dia 13. A questão para o duelo é que Rochet, Valencia, Aránguiz, Johnny e Mauricio podem ficar de fora devido à data Fifa. Além deles, Renê cumprirá suspensão automática. Depois, o Athletico-PR será o adversário, fora de casa, no dia 21. Como o mata-mata contra o Fluminense começa somente seis dias depois, é provável que o time titular seja utilizado na Arena da Baixada.
O espaçamento entre uma partida e outra servirá para o treinador afinar alguns aspectos do seu trabalho com o elenco. Pela primeira vez desde o seu retorno, ele adotou um discurso crítico em relação à campanha. Com ele, são quatro empates e três derrotas no Brasileirão.
— Precisamos sair da fase negativa e começar a ganhar. O que tentamos até agora é melhorar alguns aspectos. Sobretudo, é uma troca de trabalho. Vamos trabalhar com um volume maior. A prioridade será o dia a dia. Vamos nos sentindo cada vez melhor. Tenho a segurança de que vamos subir o volume de trabalho, algo que não conseguimos fazer ainda — apontou.
A sinalização de um momento incômodo, não impediu que Coudet apontasse pontos positivos após a partida no Estádio da Serrinha. O time não é vazado desde os 13 minutos do primeiro tempo da derrota por 1 a 0 para o Fortaleza, no Beira-Rio. Lá se vão quatro jogos. Contra Bolívar, duas vezes, Flamengo e Goiás a defesa não foi superada pelo ataque rival. Ao mesmo tempo, o treinador sinalizou questões que precisam ser aprimoradas.
— Queríamos ganhar, mas faltou um pouco de precisão e velocidade. Temos uma sequência sem ganhar que incomoda, mas temos de ver coisas boas. É o quarto jogo sem tomar gols. Temos de sustentar algumas coisas e gerar mais na frente, para fazermos mais gols. Temos de gerar mais — ponderou.
O mundo colorado orbita em torno da semifinal da Libertadores, mas até enfrentar o Fluminense e o Maracanã no dia 24, Coudet e seus jogadores terão de resolver seus problemas no Brasileirão.