O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) começará, nesta terça-feira (30), as oitivas do caso de injúria racial denunciado por Edenilson contra o lateral-direito Rafael Ramos no jogo entre Inter e Corinthians, em 14 de abril, pelo Brasileirão. O português Ramos será ouvido a partir das 12h no Tribunal de Justiça Deportiva de São Paulo (TJD-SP). A informação foi divulgada pelo site Lei em Campo e confirmado por GZH.
O auditor Paulo Feuz pretende ouvir Edenilson na próxima segunda (6), também no TJD-SP. Os advogados de Inter e Corinthians foram convidados a participar das oitivas. Será após essa fase de depoimentos que o auditor irá decidir quais outras provas poderão ser anexadas e se irá oferecer a denúncia contra Rafael Ramos e Corinthians. Esse processo na esfera esportiva é independente do que ocorre na justiça criminal.
Se a denúncia for encaminhada, tanto Ramos quanto o Corinthians podem ser punidos pelo Tribunal. Conforme o artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência" pode ter como pena a suspensão de cinco a 10 partidas, se praticada por atleta, além de multa de R$ 100 a R$ 100 mil.
Caso a infração seja considerada de extrema gravidade, o órgão judicante, no caso o STJD, poderá aplicar penas dos incisos V, VII e XI do art. 170, que preveem punições como advertência (a mais leve) até exclusão de campeonato ou torneio (a mais grave).
A denúncia de Edenilson
Edenilson reclamou de ter sofrido uma injúria racial após uma disputa de bola com o lateral-direito do Corinthians. Edenilson procurou o árbitro relatou ter ouvido a injúria. A partida ficou parada por quatro minutos, até que o juiz entendesse o ocorrido e conversasse com os envolvidos. Assim que a partida foi encerrada, Cauê Vieira, vice-presidente de relacionamento social do Inter, buscou a Polícia Civil e três policiais foram ao vestiário colorado.
Súmula com duelo de versões
O documento trouxe o relato do árbitro Bráulio da Silva Machado sobre a confusão entre Edenilson e Rafael Ramos. O juiz informou no documento que ele e o restante da equipe de arbitragem não ouviram o teor das ofensas que teriam sido ditas pelo jogador do Corinthians para o atleta colorado por conta do barulho do estádio e da distância que estavam do lance.Conforme o árbitro do jogo, Edenilson ouviu "foda-se, macaco". O relato do árbitro diz que Rafael Ramos foi ouvido no campo e negou ter usado a expressão. Afirmou ter dito "foda-se, caralho".
Preso em flagrante, mas liberado com fiança
Após prestar depoimento, o lateral foi preso em flagrante em posto policial no Beira-Rio. A prisão foi motivada pelo depoimento de Edenilson e também pelas informações contidas na súmula da partida. Rafael Ramos só foi liberado após o pagamento de fiança de R$ 10 mil. O jogador responderá em liberdade, mas a Polícia Civil abrirá inquérito para investigar acusação de injúria racial.
Pedido de perícia pela Polícia Civil
Conforme a delegada Ana Luiza Caruso, responsável pela 2ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre, o Instituto Geral de Perícias (IGP) será acionado para a realização de uma leitura labial, avaliando as imagens do ocorrido.
O que diz a defesa do jogador do Corinthians
Advogado contratado para auxiliar na defesa de Rafael Ramos, Fabiano Cerveira reiterou que o jogador não cometeu o ato criminoso e garantiu que o português se colocou desde o início à disposição para esclarecer o fato. O advogado sustenta que Rafael Ramos fez um xingamento a Edenilson usando o termo "caralho" e não "macaco".