A partir desta segunda-feira (16), o suposto caso de injúria racial envolvendo o volante Edenilson, do Inter, ganhará novos desdobramentos. Conforme a delegada Ana Luiza Caruso, responsável pela 2ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre, será acionado o Instituto Geral de Perícias (IGP) para a realização de uma leitura labial, avaliando as imagens do ocorrido durante o empate entre Inter e Corinthians, no Beira-Rio, neste sábado (14).
— Já foram ouvidos tanto os envolvidos como o árbitro. Agora, vamos contar com a perícia para ver se consegue fazer a leitura labial para dar seguimento ao inquérito. Já vai ser instaurado a partir de amanhã (segunda-feira) e, em pouco tempo, teremos a finalização dele, remetendo para o Judiciário — relatou, em entrevista à Rádio Gaúcha.
O lance aconteceu por volta dos 30 minutos do segundo tempo, quando o atleta colorado acusou o lateral-direito do Corinthians, Rafael Ramos, de tê-lo chamado de "macaco". A partida ficou paralisada por um tempo, antes de ser retomada. O atleta, de origem portuguesa, alegou ter proferido outra palavra, que foi mal compreendida por conta de seu sotaque.
— A gente espera contar com a ajuda do IGP porque, embora pareça que realmente um jogador chama o outro de macaco, a defesa está alegando que foi um mal entendido. O Edenilson realmente não esboçou nenhuma reação momentânea, mas, segundo o depoimento do árbitro, ele o procurou para dizer que teria sido injuriado — explicou a delegada.
Preso em flagrante ainda no vestiário do Beira-Rio, Rafael Ramos pagou fiança de R$ 10 mil em espécie e foi liberado ainda no início da madrugada. Neste domingo (15), ele acompanhará a delegação da equipe paulista que embarcará para a Argentina. Na próxima terça-feira (17), o Corinthians enfrenta o Boca Juniors, em Buenos Aires, pela Libertadores
— Por nós, da Polícia Civil, o atleta do Corinthians não será mais chamado, em princípio. Ele já depôs e não temos mais interesse em ouvi-lo. O Judiciário talvez o chame. Vamos distribuir o inquérito para a 14ª Vara Criminal, que fica responsável por tudo que ocorre dentro dos estádios. Então, possivelmente, ele pode ser chamado. Mas, isso não o impede de continuar nas competições, jogando. Pode ser ouvido, inclusive, em outro Estado através de uma carta precatória. Não tem a obrigatoriedade de aguardar em Porto Alegre — comentou a responsável pelo inquérito.