É o fim da era Thiago Galhardo no Inter. O jogador de 32 anos despediu-se dos companheiros e embarcou para a Espanha, onde assinará um contrato de empréstimo de uma temporada com o Celta, de Vigo, que pagará 500 mil euros (cerca de R$ 3 milhões) pela negociação. O dinheiro que entra, somado à necessidade não precisar mais pagar salários, gerará uma economia de cerca de R$ 8 milhões aos cofres colorados. Em Vigo, o atacante reencontrará o técnico Eduardo Coudet, responsável por fazê-lo atingir a melhor fase de sua carreira, até o final do primeiro turno do Brasileirão de 2020, quando chegou, inclusive à Seleção.
Foram 82 jogos, 4914 minutos, 34 gols e 11 assistências do atleta que Coudet transformou em centroavante. Originalmente meia (e até volante), encontrou-se mais adiantado no sistema proposto pelo técnico argentino durante o ano passado. Com um primeiro turno brilhante, conseguiu ser o vice-goleador do Brasileirão, marcou 17 gols, um a menos do que Claudinho (do Bragantino) e Luciano (do São Paulo).
Nos últimos dias, Galhardo evitou dar entrevistas. Procurado pela reportagem, disse "estar grato pela oportunidade", mas que preferia "fazer uma manifestação pelas redes sociais no momento certo". É que, de fato, por mais que tenha sido importante no ano passado, os últimos momentos no Beira-Rio desgastaram sua imagem com os torcedores.
A última notícia em que apareceu envolveu um suposto bate-boca com o executivo Paulo Bracks a respeito de seu aproveitamento. A versão original é de que ficou insatisfeito por não ter entrado em campo na goleada de 4 a 0 em cima do Flamengo e que não estava disposto a ficar no banco.
Quando Inter e atleta tentaram pôr panos quentes, já era tarde demais. Até porque, ainda que tenha sido responsável pelo gol da vitória sobre o Juventude, a primeira em casa no Brasileirão, o pênalti perdido diante do Olímpia pesou para o descontentamento. Some-se a isso as imagens que circularam do jogador em Bento Gonçalves durante uma folga em razão de suspensão enquanto o time enfrentava o Cuiabá e está pronta a receita da fervura.
Antes desse desgaste, porém, Galhardo viveu lua de mel com os torcedores. Formou, principalmente com Guerrero e Abel Hernández, duplas de relativo sucesso no ataque. É unanimidade que se trata de um jogador inteligente (antes do futebol, chegou a ser aprovado em concurso da Petrobras) e a ligação com sua avó, a quem homenageava após cada gol, também gerou empatia dos colorados. Foi chamado por Tite em uma emergencial convocação para a Seleção e ficou no banco diante do Uruguai, pelas Eliminatórias, em novembro do ano passado. Mesmo não tendo repetido a boa fase depois da saída de Coudet, despede-se do Beira-Rio atrás apenas de Edenilson e Taison, do atual grupo, na lista de artilheiros da história do Inter.
No Inter, o assunto é dado como concretizado. O técnico Diego Aguirre comentou na entrevista coletiva após o jogo contra o Santos:
— São coisas que acontecem toda hora, jogadores que vão, que vêm. Talvez teremos a possibilidade de outro jogador vir a somar.
Mas a tendência é de que uma reposição fique apenas no "talvez". A situação financeira do clube não permite investimentos e a chegada de um novo reforço só ocorrerá em caso de oportunidade de mercado, como atleta a custo zero e salário dentro da realidade.
A consolidação de Yuri Alberto (cinco gols nos últimos três jogos) e a recuperação de Guerrero são as razões que fazem o Inter segurar as negociações. Além deles, há elogios a Vinícius Mello, promessa da categoria de base, que vêm recebendo oportunidades no grupo principal. Ele deve ser usado com mais frequência na sequência, especialmente com a convocação de Guerrero para a seleção peruana.
O contrato de Galhardo com o Inter vai até o final de 2022. Se quiser contratar o jogador, o Celta deverá pagar o equivalente a cerca de R$ 9,4 milhões. Caso contrário, ele retorna ao Beira-Rio ao final da temporada europeia e cumpre os meses restantes.
Galhardo no Inter
- 82 jogos
- 4914 minutos
- 34 gols
- 11 assistências
*Levantamento de Marcos Bertoncello