Existe uma teoria que aponta com convicção o fato de que amamos realmente apenas uma vez na vida. O resto são ilusões, forçação de barra, carência, solidão ou o que mais puder arranjar de desculpa para buscar uma pessoa que fique ao seu lado. Esse tal amor único é aquele capaz de nos deixar burro, que arranca um pedaço do coração e te deixa diferente para o resto da vida.
Essa tal teoria garante que, após o contato com essa pessoa única, passamos a gravitar o resto da vida ao entorno dessas lembranças, caso por uma sorte divina não estejamos ao lado dela. Todas as nossas futuras ações e relacionamentos acabam impactados por essa experiência geralmente trágica. Muitas vezes o "portador" dessa doença tenta, insiste, briga, vai e volta, tentando se reconectar com seu amor perdido. Porém, depois de se quebrar, nunca mais volta ao que era. E o que gera é nada mais do que apenas sofrimento e ressentimentos.
O Inter encontrou em 2006 o seu grande amor. Ele espiava de longe, meio sem confiança de chegar perto, até que então conseguiu conquistar seu coração. A Libertadores da América arrebatou o Clube do Povo e mudou para sempre a sua história. Deixou aquela tal marca no coração. Elevou a instituição de patamar, valorizou atletas e deu espaço para mais uma série de títulos. No entanto, ela está sempre lá como uma lembrança inesquecível. O amor para sempre.
Às vezes, o Inter é pego por esse sentimento tão forte de vitória e acaba tentando reatar com as vitórias do passado. Traz figuras de grande sucesso vestindo a armadura vermelha imaginando que esteja trazendo de volta o atleta de anos atrás. O que acaba acontecendo é uma inevitável decepção. Não por culpa do jogador, não por culpa do clube.
O tempo é o safado disso tudo e acaba modificando os panoramas, envelhecendo os atletas e pedindo, por favor, para que as lembranças não sejam apagadas. Precisamos parar de trazer nossos ídolos de volta para que suas memórias sejam profanadas.
Fernandão voltou para ser achincalhado, Falcão foi ridicularizado. Ceará e Alex, entre outros, retornaram para sair pela porta dos fundos.
Rafael Sobis é uma paixão colorada, amarrada às lembranças mais tenras de 2006 (e 2010). Mas há alguns bons anos não tem o mesmo desempenho em campo. Nesse time do Inter, não tem posição para que ele jogue. Falta o vigor para a ponta direita, nunca foi armador e como camisa 9 não atua em alto nível há muito tempo.
Trazer Sobis, esse ícone eterno, não pode ser uma chance de trucidar uma das maiores lendas de nosso passado recente. Não façamos dele uma lembrança de um amor passado que nos fará sofrer. Sobis é outro jogador, o tempo já fez o seu trabalho com ele. Tenhamos a paciência e o carinho com quem muito já nos deu.