Oi, gremista! Pois é, eu sei que tu estás aqui. Apesar do nome deste espaço ser "torcedor colorado", na seção "Colorado" do site, escrito por mim - um torcedor colorado - e, em tese, voltado especialmente para torcedores colorados, somos bastante democráticos por aqui. A tua visita é muito bem-vinda! Mesmo. Tanto é que já vou te responder agora mesmo a coisa que tu estás pensando desde que leu o título deste texto: "ah, infantil mesmo é ir pedir arrego para o time dos outros!".
Não é, e eu te explico o porquê.
Quando os jogadores do Inter foram conversar com os gremistas sobre as cornetas, o fizeram em particular. O fizeram no cara-a-cara. Chamaram os atletas do Grêmio e, pessoalmente, um de cara para o outro, sem câmeras, sem alarde, sem mimimi e sem dirigentes, explicaram o que estavam pensando naquele momento. Há coisa mais madura e sensata do que chamar para conversar frente a frente e discretamente quem está fazendo algo que tu consideras errado?
Pois então, assim agiram os atletas do Inter naquela oportunidade.
E aqui cabe dizer (como que para ressaltar) o óbvio. Há todo um mundo de interações, conversas e arranjos feitos pelos profissionais do futebol que não são publicados na imprensa. Os diálogos de vestiário, as rixas dentro de campo, os grupinhos rivais que se formam dentro dos times... tudo isso é deixado "em off" por todo mundo. Simplesmente porque não há notícia, valor jornalístico ou esportivo em muitas dessas rusgas internas. Os próprios jogadores resolvem os seus problemas internamente, porque isso de alguma forma faz parte do "código de ética" dos caras.
O episódio da conversa entre esses jogadores é apenas mais um entre as centenas e centenas de situações iguais ou parecidas (envolvendo Grêmio, Inter, Corinthians, Flamengo...).
Perguntinha: aí o que o Grêmio faz depois de perder um jogo (e foi realmente isso: essa Caixa de Pandora foi aberta unica e simplesmente porque o Grêmio perdeu um jogo)?
Respostinha: o maior (até porque talvez único) caso de Acusada Institucional Coletiva da história do esporte gaúcho.
"Acusada" é o termo utilizado pelos jovens nas redes sociais para definir uma resposta desmedida a uma singela provocação inicial. E foi exatamente isso o que o Grêmio fez, através do seu treinador, do seu capitão e dos seus dirigentes. Todo o Grêmio acusou um golpe que, poxa vida, nem foi tão grande assim (foi só 1 a 0 o jogo, gente. Calma!).
Como um aluno acompanhado dos pais em reunião do SOE no colégio, Maicon concedeu uma entrevista coletiva que mais parecia uma volta de recreio da quarta série. O capitão do Grêmio falou com dois dirigentes gremistas, um de cada lado. A postura exata do aluno malcriado que fez bobagem com algum coleguinha e foi chamado pela direção da escola para se explicar.
Como os pais desses tempos, os dirigentes acharam linda a manifestação do filho-atleta. "Vai lá, filhão! Mostra para eles que tu está certo! Errados estão os outros!", apoiam os pais. E lá foi o Maicon explicitar em poderosos microfones situações que nunca deveriam ter saído do conhecimento exclusivo dos atletas envolvidos.
Acho que o Grêmio rir do Inter quando ganha coisas é correto.
Acho que o Inter rir do Grêmio quando ganha coisas é correto.
Acho que nós, torcedores, temos mais é que nos xingar mesmo e um rir da cara do outro, e um tirar sarro do outro (não descambando para a violência física, vale tudo).
O que me parece absurdo, equivocado, infantil, tosco e sem justificativa, a essas alturas, adultos que nós todos somos, é agir como o capitão do Grêmio agiu nesta terça-feira. Pior ainda: toda essa bizarrice ter acontecido com o aval irrestrito da direção do Grêmio. Tu tens noção do tamanho do absurdo disso?
Virou quarta série.
O meu rival voltou para a quarta série.
E eu, sinceramente, não duvido que o Inter (de alguma forma, em alguma esfera) acabe entrando nessa onda também - torço e peço muito pelo contrário.
Nessa briga, de um jeito ou de outro, todos nós saímos perdendo.