Foi na dificuldade que o técnico Odair Hellmann buscou um novo titular para o Inter. Na noite desta quinta-feira, quando o time retomará sua participação no Campeonato Brasileiro, diante do Atlético-PR, Nico López começará o jogo das 21h, na Arena da Baixada. É uma cena incomum desde que o camisa 7 uruguaio desembarcou em Porto Alegre, em julho de 2016.
Desta vez, porém, o atacante de 24 anos terá responsabilidades ainda maiores do que a de ser o goleador do time na temporada. Nico precisará ser uma espécie de híbrido de D'Alessandro com Patrick (mas pelo lado direito), as duas ausências do retorno colorado ao Brasileirão — o primeiro, ainda em fase final de recondicionamento, devido a duas contusões no tornozelo esquerdo, e o segundo, suspenso pelo terceiro cartão amarelo.
Escalado por Odair no meio-campo, com a missão de fazer também o corredor direito de ataque, o uruguaio recebeu especial atenção durante a intertemporada, em Atibaia (SP). Nico e Zeca são os curingas de Odair nesta nova formação colorada. O treinador tem agora a possibilidade de mudar o sistema tático sem mexer em peças.
Logo no primeiro jogo-treino, contra o Atibaia SC, Nico López mostrou-se um jogador bem diferente daquele do ano passado. Atuando pela direita e, em algumas ocasiões, trocando de função com William Pottker, como referência do ataque —, ele teve boa presença no setor ofensivo, mas se destacou também pela recomposição defensiva e pelo combate no meio-campo. Em determinados lances, jogou até mesmo como volante, dividindo bolas com atacantes adversários em frente à própria área.
Depois, repetiu a atuação diante do Red Bull, com boa participação em um setor ofensivo que viu Pottker desencantar e marcar os três gols da partida.
— Nico nos dá a possibilidade de variação de sistema. Ele tem características ofensivas importantes. Traz esta possibilidade de movimentar a parte tática, sem a necessidade de se fazer a troca de jogadores — comentou Odair Hellmann. — Mais do que isso, eu não posso falar, não quero dar armas ao adversário — acrescentou o técnico do Inter, ao ser questionado sobre as novas obrigações tática do uruguaio.
A trajetória de Nico no campeonato é curiosa. Mesmo na reserva, teve papel importante na campanha que levou o Inter à quarta colocação na tabela de classificação, antes do recesso para a Copa do Mundo. Logo na estreia, contra o Bahia, ele saiu do banco de reservas nos primeiros minutos de jogo, em substituição ao lesionado Rossi. Foi a campo e resolveu o jogo contra a equipe então treinada por Guto Ferreira, marcando os dois gols na vitória por 2 a 0.
Algumas rodadas depois, Nico voltou a ser fundamental para o time em um lance espetacular no Barradão, mesmo estádio onde semanas antes o Inter havia sido eliminado da Copa do Brasil. Com um jogada que começou com um desarme do argentino Víctor Cuesta no campo de defesa, seguido de um lançamento quando o cronômetro já apontava 48 minutos do segundo tempo, Nico venceu na corrida dois marcadores do Vitória, bateu na saída do goleiro Elias e garantiu três pontos ao Inter com o resultado de 3 a 2 em Salvador. Na 12ª rodada, a última antes da parada para o Mundial da Rússia, ainda abriu o placar no 3 a 1 sobre o Vasco, no Beira-Rio.
— O Inter é grande. Os times respeitam novamente o nosso time. Estamos muito bem. O nosso grupo é qualificado. Vamos pensar jogo a jogo no Brasileirão. Vamos por tudo, até o final — ressaltou Nico López, em sua mais recente entrevista, após um treino.
Agora, titular e na companhia de um patrício, o também atacante Jonatan Alvez, nascido em Vichadero, próximo a Rivera, o camisa 7 ignora a janela de agosto para o Exterior e está pronto para voltar aos bons momentos:
— Não chegou nada de propostas. Além disso, estou focado no Inter. Fiquei quando o time estava mal. Agora que estamos bem, quero permanecer. Quero fazer história aqui.
Nico López voltará a ser titular nesta quinta-feira. Um Nico diferente, mais concentrado e ainda mais devotado ao time.