Por Amanda Munhoz e Leandro Behs
E agora, Inter? O pesadelo da Segunda Divisão acabou e o clube passará tratar de encontrar um treinador e reforçar o grupo para 2018. Para o comando técnico, Abel Braga é o favorito, mas Roger Machado é dono de um alto conceito no Beira-Rio e vem sendo monitorado pelo clube há um ano.
Ainda que a direção mantenha seus negociações em sigilo, pelo menos um time inteiro de jogadores será contratado para a nova temporada. Outros tantos sairão e se juntarão aos 23 atletas que seguem sob contrato, e que retornarão de empréstimo ao final da atual temporada, mas que dificilmente serão reaproveitados.
A seguir, Zero Hora apresenta os próximos passos do Inter versão Série A:
Abel, a solução histórica
Abel Braga começa a trilhar o caminho de volta ao CT Parque Gigante. Depois de bater um recorde nos últimos anos do Inter, sendo o único treinador a permanecer por uma temporada inteira no clube, em 2014, ele só não ficou para a Libertadores do ano seguinte porque Vitorio Piffero foi o preferido do associado colorado no pleito contra Marcelo Medeiros. E Abel se negou a trabalhar na gestão Piffero.
Tem contrato com o Fluminense por mais uma temporada, mas, sem os recursos da Unimed no clube, os salários atrasam cada vez mais. Durante a temporada 2014, o treinador se aproximou muito de Marcelo Medeiros e de Roberto Melo.
Um ano monitorando Roger
O sonho da direção seria formar uma comissão técnica com Abel Braga e Roger Machado, tendo o campeão mundial como uma espécie de manager, mas isso é algo que parece cedo demais no momento. Roger é um desejo antigo da atual gestão.
Semanas antes de ser eleito presidente do Inter, Medeiros e Melo conversaram com o treinador. Estavam à procura de um nome que se encaixasse no que eles pensavam para o futebol do clube em 2017. Roger Machado havia sido demitido há pouco mais de um mês do Grêmio. Dez dias antes da eleição colorada, porém, Roger assumiu o Atlético-MG. E o Inter apostou em Antônio Carlos Zago.
Após a derrota para o Ceará, em 28 de outubro — dois jogos antes da queda de Guto Ferreira —, um emissário do Inter entrou em contato com profissionais que trabalharam com Roger, a fim de traçar um perfil do treinador. Uma sondagem chegou a ser encaminhada ao ex-Grêmio, que também analisa proposta do Palmeiras — mas ficar ao lado da família, em Porto Alegre, agradaria ao treinador.
Os técnicos de 2017
Para evitar sustos e altos e baixos em 2018, a direção do Inter entende que precisa de um técnico cascudo para a Série A. Ainda assim, há o entendimento que as contratações de Zago e, depois, de Guto Ferreira, foram acertadas.
Nos bastidores, se avalia que o primeiro fez um bom trabalho até ser derrotado pelo Novo Hamburgo na final do Gauchão e perder a mão do time na largada da Série B. O segundo, tinha o trabalho bem avaliado e caminhava para o título da Série B, até que uma sequência de resultados ruins mais uma desastrosa declaração se eximindo de culpa, após o empate em Lucas do Rio Verde, fez com que perdesse o vestiário.
A demissão ocorreria ainda na viagem de retorno a Porto Alegre, mas Guto acabou demitido no jogo seguinte, o 1 a 1 em casa com o Vila Nova.
Os reforços
Ainda que o vice de futebol Roberto Melo tenha declarado recentemente que o Inter tem uma base para 2017, e que 70% do elenco atual permanecerá para 2018, uma nova reformulação está a caminho. O clube deverá buscar pelo menos 10 jogadores para abrir o Gauchão.
Desembarcarão no Beira-Rio: zagueiros, laterais para o lado direito, um lateral-esquerdo para disputar vaga com Uendel, até três jogadores de meio-campo, além de dois atacantes ou mais, dependendo de possíveis saídas de William Pottker, Nico López, Roberson ou Diego.
O zagueiro Rodrigo Moledo deverá ser o primeiro reforço. O atacante do Criciúma Silvinho surge como alternativa de grupo. O seu agente, Fernando Garcia, tem boa entrada no Beira-Rio.
D'Alessandro, Damião e Klaus
Não basta reforçar o elenco, é preciso garantir para o ano quem já está no vestiário. Nos próximos dias, o Inter pretende encaminhar a renovação com D'Alessandro por pelo menos mais uma temporada.
Já o empréstimo de Leandro Damião vai até o final de junho. Porém, nesse período, o atacante já terá ingressado nos seus últimos seis meses de vínculo com o Santos, e poderá assinar um pré-contrato com outro no clube. O Inter conta com isso para ficar com Damião por mais algumas temporadas.
O zagueiro Klaus ainda não foi comprado do Juventude. O seu empréstimo ao Inter se encerra com o final do ano.
Paulo César Tinga
Em agosto, Tinga esteve no Beira-Rio. Como gerente de futebol do Cruzeiro, que treinava no estádio, na véspera de eliminar o Grêmio da Copa do Brasil. Conversou com antigos funcionários do clube e ainda se mostrava impressionado com o descenso.
Ainda que pareça questão de tempo Tinga assumir um cargo na direção de futebol do Inter, o Palmeiras também tem interesse no ex-camisa 7. Tinga já anunciou que deixará o Cruzeiro após o Brasileirão e que passará o final de ano em Porto Alegre.
Emprestados
Se a folha do futebol colorado receberá um incremento para a Série A, passando dos atuais R$ 7 milhões para pelo menos R$ 9 milhões, o Inter tem um sério problema a resolver: a folha paralela, formada pelos atletas que estão retornando de empréstimo. Somente ela custa cerca de R$ 3 milhões aos cofres do Beira-Rio.
De Anderson (emprestado ao Coritiba) a Seijas (de volta ao Inter para tratamento), passando por Fernando Bob (na Ponte Preta), Paulão (no Vasco), Andrigo (no Atlético-GO) e Ferrareis (no Bahia) — Valdívia fica no Atlético-MG até maio, com os direitos fixados em 15 milhões de euros —, tudo indica que pouquíssimos deles serão aproveitados. No total, 23 atletas estão cedidos pelo Inter a outros clubes.
Finanças
Tudo indica que o 2018 das finanças coloradas será melhor. Até porque parece complicado piorar, uma vez que a atual gestão recebeu o clube com R$ 25 milhões em contas atrasadas da administração Piffero, além de ter de pagar R$ 3,5 milhões ao mês em dívidas bancárias, relativas a um empréstimo de R$ 60 milhões feito ao Banrisul em 2016, mais um déficit histórico de R$ 58 milhões herdado da temporada passada.
Com algumas dívidas quitadas e outras renegociadas, o clube partirá para os investimentos. Pelo menos um titular deverá ser vendido, a fim de equilibrar as finanças. Sem ainda contar com uma renda extra, a previsão orçamentária do clube deve apresentar um faturamento semelhante ao de 2017: na casa dos R$ 262,5 milhões.