Por Amanda Munhoz e Leandro Behs
Os sustos pelos quais o Inter passou em 2017 estão sendo todos analisados para que não se repitam em 2018, com o clube de volta à Primeira Divisão. A começar pela contratação do novo treinador. Abel Braga é o Plano A. Mas o treinador não falará a respeito de negociações antes de 3 de dezembro, quando o Fluminense fará o seu último jogo pelo Brasileirão, diante do Atlético-GO, em Goiânia.
Para a ponte entre o vestiário e a direção, Tinga. O Inter quer o volante bicampeão da Libertadores agora como executivo do clube. Tinga deixará o Cruzeiro em dezembro, onde atuou como gerente de futebol, e retornará a Porto Alegre. Com Abel e Tinga, a direção colorada entende que teria estofo suficiente para recomeçar uma campanha digna na Série A, depois da expiação da temporada na Segunda Divisão.
Roger Machado é o Plano B. Poderá ser acionado se o Fluminense bater pé na multa rescisória imposta a Abel, caso o treinador rompa o contrato assinado até o final de 2018 — o que parece difícil de acreditar, dado o drama que o técnico enfrentou nesse ano, com a morte de seu filho caçula, no Rio.
Mesmo que Tinga sirva de escudo a Roger, algumas questões pesam contra o ex-lateral-esquerdo: o seu passado no Grêmio (algo que poderia ser contornado com o auxílio de Tinga, também com origem gremista mas que se declarou colorado logo na chegada ao Beira-Rio, em 2005), a sua curta carreira como treinador e as interrupções de seus trabalhos como técnico de Grêmio e de Atlético-MG.
Após o empate em Barueri, que assegurou o retorno do Inter à Série A, o vice de futebol Roberto Melo falou em "criar suporte" ao novo treinador:
— Não posso esconder que temos nomes. Mas não falamos com ninguém. Só pensamos no jogo contra o Oeste. Capacidade de investimento um clube grande sempre tem. Temos é dificuldade com um passivo grande. São 30 jogadores que retornam de empréstimo, o custo disso é metade da folha da maioria dos clubes da Série A. Temos de recolocar esses jogadores. E sabemos das nossas carências. Isso será feito (contratações) para que a gente não apenas transite pela Série A. Nosso perfil de treinador é alguém experiente e vitorioso. Dá para contar numa mão quantos há com esse perfil. A maioria está empregada. Precisamos criar um suporte caso não consigamos alguém com todas essas características mais próximas do ideal.
Um nome consagrado, como o de Abel Braga, cairia bem entre a torcida. Sobretudo, em um ano eleitoral como será o 2018. Ainda que a atual oposição tenha enterrado as suas chances de sucesso após a gestão Vitorio Piffero, o que determina a vitória nas urnas costuma ser o resultado de campo. Assim, o título estadual e, pelo menos, a vaga à Libertadores de 2019, são exigências para o próximo ano.
Além disso, o grupo vai mudar. D'Alessandro, com a sua renovação de contrato por mais um ano, deverá ser o primeiro reforço para a próxima temporada. O zagueiro Rodrigo Moledo será oficializado breve. Desejo antigo da direção, ele negocia há um ano o seu retorno do futebol grego ao Beira-Rio.
Em seguida, deverá ser a vez de um lateral-direito titular. Não há confiança em Winck ou Alemão para envergar a camisa 2. Mais um lateral para o lado esquerdo, meias e atacantes com estirpe de titulares serão buscados.
Dificilmente algum jogador que tenha sido emprestado em 2017 será reaproveitado. Poucos têm chances de permanecer no Beira-Rio. Os atacantes William Pottker e Diego já sofrem assédio de clubes da China e de Portugal.
Um novo começo está a caminho no Beira-Rio.