Quinteros está feliz e confiante em Porto Alegre. A adaptação à Capital, como a possibilidade de realizar caminhadas nos parques da cidade, agradam ao técnico do Grêmio nos raros momentos permitidos de lazer que a rotina do futebol impõe. Mas enquanto a vida fora do CT Luiz Carvalho vai bem, o argentino de 60 anos também sabe que há ajustes a realizar no seu trabalho.
Depois de um mês de fevereiro de muitas chegadas e algumas saídas no grupo de jogadores, os últimos dias de trabalho com seu grupo ajustaram algumas questões que estavam em aberto. Desde o empate em 1 a 1 no Gre-Nal 446, a comissão técnica adotou como norte reproduzir muito do que foi executado defensivamente no Beira-Rio.
O trabalho dos últimos dias tem sido ajustar ofensivamente o time. Uma missão que acabou dificultada pela ausência de Villasanti e Cristian Olivera, com suas seleções para a disputa das Eliminatórias da Copa do Mundo.
Mesmo assim, em entrevista exclusiva para os veículos do Grupo RBS, o técnico mostrou confiança que os ajustes ensaiados dos últimos dias colocarão o Tricolor no caminho desejado por comissão técnica, direção e torcedores.
Confira a entrevista
Como tem sido a adaptação a Porto Alegre?
Temos aproveitado, com meu filho que está trabalhando comigo. É uma cidade muito tranquila, com lugares lindos, parques para passear, lugares para comer, para sair. Estivemos ontem (quarta) com amigos tomando um café perto de onde vivemos. A cidade é muito linda, estamos muito contentes e, bom, tomara que tudo o que possamos fazer com Grêmio possa servir para ficarmos mais tempo.
Como é essa rotina de dia a dia no CT?
Chegamos duas horas antes do treinamento e tratamos de organizar o dia e o dia seguinte. Sempre há mudanças por jogadores com lesões, que não estão 100%, então precisamos estar atentos à preparação de cada treinamento. Ficamos muito no CT. É um lugar que tem tudo para trabalhar. O Grêmio te dá as ferramentas necessárias para organizar, preparar as atividades para os jogadores e a recuperação deles.
Ficamos muito no CT. É um lugar que tem tudo para trabalhar. O Grêmio te dá as ferramentas necessárias.
GUSTAVO QUINTEROS
Sobre a estrutura do clube.
Vocês esperavam esta trajetória atual do Grêmio ou contavam que teriam mais facilidades nesse início de trabalho?
Foi difícil porque iniciamos a competição e começaram a chegar jogadores novos. É 60, 70% de um time novo, e isso leva tempo no trabalho diário, tempo encontrar um funcionamento ideal. Tivemos boas partidas e outras não. O ideal é chegar a um clube, fazer a pré-temporada com todos os jogadores já desde o início.
Quais os objetivos restantes do Grêmio na temporada?
Temos como objetivo a Copa Sul-Americana, a Copa do Brasil é difícil, mas é um objetivo da instituição. Importante tentar estar dentro dos primeiros no Brasileirão. Temos que melhorar muito a posição do Grêmio no Brasileirão do ano anterior.
Estamos muito melhores que no começo. Leva um pouco de tempo, de treinamento e, sobretudo, competição, para que os jogadores se conheçam, possam ter uma boa coordenação. Sobretudo na defesa. O time levou muitos gols nos últimos dois anos, então precisamos melhorar muito a solidez defensiva. O primeiro objetivo é encontrar uma equipe sólida, forte, que represente o Grêmio em suas características.
O primeiro objetivo é encontrar uma equipe sólida, forte, que represente o Grêmio em suas características.
GUSTAVO QUINTEROS
Sobre a busca como um time competitivo.
E qual o caminho para chegar a esses objetivos?
Acho que o último jogo de visitante contra o Inter foi bom nesse sentido. Então, a partir daí, temos de buscar ainda os jogadores ideais ao funcionamento do ataque. Alguns jogadores precisam melhorar seu nível individual. No ano anterior, tiveram um melhor rendimento. Agora estamos esperando que possam entregar mais ao time na parte ofensiva.
Da parte de solidez, de organização defensiva, esse é o modelo a seguir. E melhorar. Todos os jogadores devem ter essa agressividade ao defender. Como o Inter foi um rival, o Atlético-MG também será. Conta com bons jogadores na parte ofensiva. Teremos de ser um time organizado defensivamente. Depois, tratar de ter mais chegadas ao ataque. Precisamos construir melhor, com mais continuidade no jogo.
Alguns jogadores precisam melhorar seu nível individual.
GUSTAVO QUINTEROS
Sobre atuações no início do ano.
Quais jogadores precisariam melhorar individualmente?
Há jogadores como Franco Cristaldo, como Villasanti, que conheceram agora a Amuzu e o Cristian Olivera. Não tiveram muito treinamentos, só jogos. Então, esse conhecimento de movimento, de diálogo futebolístico, digamos, é o que nos falta. Acho que com os jogos, com os treinamentos, vai dar.
A ideia é a manutenção do trio com Camilo, Vilassanti e Edenilson para sábado?
Esse é um dos modelos. Nós treinamos com eles. Nós treinamos com Franco Cristaldo e nós treinamos com Monsalve. Com Dodi também. Os jogadores que iniciam o jogo são muito importantes, mas os que entram para corrigir, para melhorar, também são. Então tem de trabalhar com todos.
O Grêmio deu quatro dias de folga desde o fim do Gauchão. Era o momento para isso ou entende que precisaria ter mais trabalhos com os jogadores?
O descanso foi recuperado com um treino em dois turnos, ou seja, só tiveram três dias livres. Acho que são muito necessários, porque em abril e maio não terão nenhum dia.
Me parece que não haverá nenhum dia livre totalmente, para que eles possam estar com a família. Temos muitos jogos em abril e em maio. Então é quase impossível ter algum dia livre. Que bom que pudemos dar esses dias, porque o jogador precisa se liberar do tático, do físico, da rotina de vir todo o tempo. Necessita, às vezes, um ou dois dias para melhorar, carregar as baterias. Estão treinando muito, mas muito bem, pois tiveram os dias justos de descanso para que isso aconteça.
O que ainda falta para o Grêmio ter o seu time ideal?
Jogadores como Amuzu e Olivera chegaram e se conheceram aqui. Não fizeram muitos jogos com Lucas Esteves, com João Pedro, João Lucas ou Igor Serrote. Então, há pouco conhecimento dos movimentos. Isso leva tempo, não é? Agora, com toda essa semana, nós treinamos muito a parte tática. Nós fizemos um jogo-treino que foi muito bom. Vamos melhorar muito a partir da competição. Contra o Atlético-MG, temos de começar a jogar bem. Mostrar todo o trabalho que fizemos, desde a organização defensiva. Melhorar isso e dar aos jogadores novos essas ferramentas.
Vamos melhorar muito a partir da competição. Contra o Atlético-MG, temos de começar a jogar bem.
GUSTAVO QUINTEROS
Sobre evolução do time.
Com o último Gre-Nal como modelo de time, o Grêmio pode começar o Brasileirão sem um meia?
Às vezes os jogadores não estão em seu melhor nível. Às vezes jogamos com um meia, como Cristaldo ou Monsalve, e às vezes gostamos de atuar com interiores ofensivos, que podem ser Edenilson e Villasanti. São jogadores que são ofensivos também, que dão ao time intensidade, dinâmica, velocidade, e isso também tem que ser conseguido, né?
Estamos treinando o 4-1-4-1 ou 4-3-3 com interiores ofensivos. E estamos treinando um 4-2-3-1 com um meia também. Então, de acordo com o jogo, de acordo com o rival, como se apresenta a partida no momento, podemos ter as variantes para dar mais associações ao time.
O Grêmio está próximo de voltar a vencer Gre-Nais?
O Inter veio de um ano com a mesma equipe, mesmo técnico e mesmos jogadores. Então, leva muita vantagem nisso, porque nós tivemos que começar a jogar com jogadores novos. Fomos competir em desvantagem desde o tempo de trabalho, mas eu acho que o último Gre-Nal foi muito parecido. E o Grêmio, no segundo tempo, foi melhor. Isso me deixou mais tranquilo, competimos de igual a igual com uma equipe que ficou em quinto no Brasileirão na temporada anterior e venceu todos os Gre-Nais do ano. Disputamos três Gre-Nais. Merecemos perder um deles. E nos outros dois, acho que foi justo, sobretudo o segundo, o empate.
É ainda mais desafiador substituir um treinador do tamanho que é Renato Portaluppi para o Grêmio?
Sim. Renato fez um ótimo trabalho no Grêmio. Um ídolo, com muita personalidade e muitos títulos. Substituir uma figura tão importante é difícil. Ele tinha um sistema de jogo, um método de treinamento, uma ideia distinta. Nós tivemos que mudar isso e tentar impor uma metodologia diferente. Mudaram seis ou sete jogadores no time do ano anterior. Trocas na defesa, volantes e pontas.
Por isso nos custou mais substituir um grande treinador como o Renato, mudando alguns jogadores do ano anterior, o sistema de jogo e a metodologia de treinamento. Ao jogador, também custa mudar tudo isso. Mas, temos fé, temos confiança de que, a partir de agora, destes dois meses de muitos jogos, vamos melhorar o nível futebolístico e vamos lutar dentro dos primeiros lugares.
Substituir uma figura tão importante é difícil. Ele tinha um sistema de jogo, um método de treinamento, uma ideia distinta.
GUSTAVO QUINTEROS
Sobre Renato Portaluppi.
Quais posições entende que ainda precisam ser reforçadas?
Estávamos buscando a possibilidade de incorporar um zagueiro a mais, pela quantidade de jogos que há. Mas não está fácil no mercado agora. Se não for agora, será mais adiante. Mas trataremos de incorporar um mais no futuro. Temos um plantel competitivo. Precisamos colocar o Grêmio nos primeiros lugares. Fazer com que o Grêmio seja protagonista em todos os jogos, em todos os torneios.
Veja a entrevista completa
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