Prestes a completar 400 jogos com a camisa do Grêmio, Pedro Geromel concedeu entrevista coletiva no início da tarde desta terça-feira (2), no CT Luiz Carvalho. O defensor de 38 anos comentou sobre a renovação de contrato com o clube até o fim de 2024 e evitou falar de uma possível aposentadoria ao final da temporada.
— Quando eu sentir que eu não estou ajudando mais, eu paro — disse o ídolo tricolor, que garantiu estar sentindo-se bem, embora tenha admitido que a idade pesa e as limitações começam a surgir:
— Acho que tem várias questões fisiológicas que pesam depois que você completa 38 anos, e a velocidade é uma delas. Eu, como zagueiro, tenho mais facilidade. Temos exemplos como o Thiago Silva, que tem uma carreira duradoura. A gente sente, é natural. Senti mais ano passado, quando operei o joelho. Esse ano me sinto bem, joguei o último jogo inteiro, e estou me dando bem nesse quesito.
Na semana passada, em 25 de junho, o Grêmio anunciou a renovação com Geromel. O novo vínculo se encerrará em dezembro deste ano. No domingo (30), na vitória sobre o Fluminense, o zagueiro chegou à marca de 399 jogos com a camisa do Tricolor.
— Sei das minhas limitações, da minha idade, tudo isso, como isso impacta. Não vou jogar todos os jogos, mas espero corresponder como eu correspondi no último, pra estar ajudando sempre o Grêmio — disse.
Visando tranquilizar o torcedor em relação à campanha no Brasileirão, em que a equipe está no Z-4, Geromel comparou com o "atípico" ano de 2021, quando o Grêmio foi rebaixado. Em sua fala, o zagueiro demonstrou confiança na recuperação do Tricolor na tabela:
— Aquele 2021 foi um ano muito atípico, pós-pandemia. A gente jogou a final da Copa do Brasil de 2020 em março de 2021. Foi um ano todo atropelado, tivemos muitas mudanças de treinadores. E são coisas que não aconteceram esse ano, então isso me dá uma certa tranquilidade para que a gente não passe pelo que já passamos.
Questionado sobre o revezamento que vem ocorrendo na defesa gremista e se conseguiria emendar uma sequência de jogos como titular, Geromel respondeu:
— Acho que nenhum jogador aqui no Brasil tem (condições para jogar todas as partidas). Ainda mais nós, que no mês de junho fizemos nove jogos. Com certeza não consigo. Acho que dificilmente algum jogador consiga fazer tantos jogos em um mês. — Eu quero estar ajudando dentro de campo, sim. Claro que também consigo ajudar de muitas formas, com os mais jovens aí, com o meu exemplo, com a minha liderança, e eu sempre vou fazer o meu melhor para representar essa camiseta — completou.
Ao falar sobre sua liderança no elenco, especialmente com os jovens que estão chegando ao profissional, Geromel mostrou consciência desta importância e usou como exemplo o jovem Alysson, que foi relacionado, pela primeira vez, para a partida contra o Fluminense:
— Meu trabalho é tentar ajudar. Essa semana começou a treinar com nosso grupo o Alysson, um jovem que tem muita qualidade. Hoje, coincidentemente, conversei com ele, expliquei coisas importantes. Falei pra ficar a vontade, cuidar da alimentação, cuidar o que faz e o que posta, pois agora está jogando no Grêmio, todas essas situações, para ele ter uma consciência maior de um clube que representa milhões de torcedores. Tem muitas coisas boas, mas também tem muita responsabilidade. As vezes o jogador não se dá conta e pode acabar perdendo uma oportunidade.
Seguindo nessa linha, Geromel enfatizou sua parceria com Kannemann e indicou o argentino como seu sucessor no quesito liderança.
— É um prazer enorme jogar com o Kannemann. Eu posso até parar de jogar porque fico super tranquilo aqui no Grêmio com ele, não só como jogador, mas como líder, como pessoa, como um cara que dá sempre o seu melhor. Acho que essa que é a minha maior preocupação, eu sair e deixar o vestiário com alguém que tem essa alma do Grêmio, esse espírito que passa para os mais novos, que eles vejam, se inspirem, e tentem ser como ele — salientou.
Em tempo, o ídolo gremista ainda rasgou elogios aos seus novos companheiros de zaga, Jemerson e Rodrigo Caio, contratados recentemente. O camisa 3 destacou a importância desses reforços ao time:
— Já tive a oportunidade de jogar com o Rodrigo Caio na Seleção, e já joguei muitas vezes contra o Jemerson. Então eu fico muito feliz quando o Grêmio contrata jogadores de qualidade, que é o caso deles. Isso é ótimo para o Grêmio, é a melhor coisa que tem quando você contrata jogadores bons, porque aumenta a concorrência, eleva o nível de todo mundo, aumenta a treinabilidade, e, consecutivamente, aumenta o nível do time dentro de campo.