O Brasil de Pelotas entra em campo no próximo domingo (10), às 18h30min, para encarar o desafio mais difícil da temporada: vencer o Grêmio na Arena. Só assim conseguirá a vaga na semifinal da competição. Há cerca de 25 anos, a façanha de eliminar o Tricolor em Porto Alegre foi protagonizada pelo Xavante, no antigo Estádio Olímpico, em partida que entrou para a história dos confrontos entre os clubes.
Em 9 de maio daquele ano, o Grêmio comandando pelo ex-treinador da Seleção Brasileira Sebastião Lazaroni e da então promessa Ronaldinho Gaúcho perdeu por 2 a 1 para o Brasil de Pelotas e acabou eliminado, coincidentemente nas quartas de final do Gauchão. A equipe gremista ainda entrou em campo com campeões da Libertadores, como Danrlei, Rivarola e Roger.
No Bento Freitas, o jogo terminou empatado em 0 a 0. O final da partida em Pelotas teve contornos de tensão porque, no intervalo, Lazaroni reclamou, em entrevista à Rádio Gaúcha, que o Gauchão não previa exame antidoping nas fases iniciais e, no entendimento de representantes do Xavante, a declaração colocou em suspeita o comportamento dos donos da casa. O repórter havia questionado como o Grêmio pararia o "forte ritmo" do Brasil.
— Não tem exame antidoping nessas fases. Então, a gente não pode saber nunca como é o comportamento real — comentou o treinador na ocasião.
Houve troca de empurrões e xingamentos quando a turma xavante quis tirar satisfação, mais tarde. Lazaroni chegou a dizer, depois da confusão, que não se referia especificamente ao adversário da vez, mas que a declaração tinha caráter genérico.
O fato é que o Brasil de Pelotas desembarcou no Olímpico, três dias depois, com a frase de Lazaroni na memória. No confronto de volta, Cléber Gaúcho, no final do primeiro tempo, e Taílson, no segundo, marcaram para o esquadrão do Interior. Marco Antônio descontou para o Grêmio, aos 35 da etapa final, mas já não houve tempo para correr atrás do prejuízo. A derrota resultou na queda de Sebastião Lazaroni, em passagem que, assim como pela Seleção, não deixou saudades nos torcedores.
Título tricolor em Pelotas
O Brasil de Pelotas faz parte da história do Grêmio também no caminho da retomada das conquistas. Em 2018, ao vencer por 3 a 0, no Bento Freitas, o Tricolor voltou a comemorar o Gauchão depois de oito anos — viu, anos antes, seis títulos do Inter e até um do Novo Hamburgo, em 2017.
O título estadual era o que faltava no ciclo vitorioso aberto em 2016 com a conquista da Copa do Brasil e o fim do jejum de 15 anos longe das principais taças. Em 2017, veio a Libertadores. No ano seguinte, o Grêmio colocou uma mão no caneco já no primeiro jogo, ao golear o Brasil na Arena por 4 a 0.
Em Pelotas, apenas confirmou o que já era certo. Os gols do Grêmio foram marcados por Cícero, Alisson e Léo Moura. Era a quarta taça em cinco finais disputas. Apenas o Real Madrid de Cristiano Ronaldo, Zinade e companhia havia colocado água no chope de Renato Portaluppi e seus comandados.
O 8 de abril de 2018 também ficou conhecido como o "Dia do Fico". Isso porque o treinador garantiu, em entrevista coletiva, que recusava o convite do Flamengo para deixar o Rio Grande do Sul e que seguiria à frente do clube que, em 2019, o transformaria em estátua na esplanada da Arena.