Na história do futebol gaúcho são raras as figuras que transitam com tranquilidade pelos corredores de Grêmio e Inter. Paulo Paixão está entre os personagens que se sentem confortáveis tanto vestindo o azul quanto o vermelho. Junto com Roger Machado, o profissional inicia sua quarta passagem pelo Tricolor, agora como coordenador de preparação física.
Nos últimos 30 anos, algumas das principais conquistas da dupla Gre-Nal estiveram atreladas a Paulo Paixão. O Grêmio multicampeão nos anos 1990 tinha entre as suas principais características o vigor físico. O responsável por dar gás aos jogadores era Paixão, preparador entre 1995 e 1997, período em que o clube só não conseguiu ser campeão mundial.
A tarefa de Paixão não era das mais simples. Ser preparador físico de um time que empilhou competições significava deixar os jogadores aptos a encararem uma sequência extenuante de partidas — o Grêmio chegou a entrar em campo três vezes no mesmo dia naquela época. Em 1995, a temporada quase bateu a marca de 90 partidas.
Depois do período vitorioso no Olímpico, ele seguiu Luiz Felipe Scolari em trabalhos no futebol japonês e no Palmeiras. Em 2000 retornou ao Grêmio. Fez parte da comissão técnica de Tite na conquista da Copa do Brasil.
Em agosto de 2002 foi demitido. A versão oficial foi contenção de custos. A rescisão ocorreu dias depois de Paixão ter perdido um filho. Geraldo Delamore, auxiliar da comissão técnica, assumiu a preparação física.
Inicia a relação com o Inter
Não demorou muito para ele voltar a trabalhar. Em 2003, Paixão iniciou sua primeira passagem pelo Inter. Ela durou até 2006, sendo peça importante nos títulos da Libertadores no Mundial.
— Todas as vezes em que estive trabalhando nos clubes, houve comprometimento. Sou torcedor quando estou no clube, estou comprometido com a camisa que estou vestindo — declarou Paixão em entrevista à ZH em em 2012.
Após alguns anos no futebol russo, Paixão desembarcou novamente em Porto Alegre em 2010. O destino mais uma vez foi o lado azul da cidade. Entre 2010 e 2012, trabalhou como preparador físico e coordenador da preparação física, cargo que voltará a ocupar agora.
No fim de 2012, começaram a pipocar notícias de que a partir de janeiro do ano seguinte o carro de Paixão faria um novo trajeto para ir ao trabalho. Nem assim houve rejeição entre colorado ou bronca com os gremistas.
Negado em um primeiro momento, o interesse do Inter se confirmou, e ele foi trabalhar com Dunga no Beira-Rio, de onde saiu em outubro após a demissão do capitão do tetra. Foram oito anos perambulando por outras equipes brasileiras com diversos treinadores até voltar ao Inter no ano passado como coordenador da preparação física.
— Acho que não tem honra, prazer maior, do que você voltar ao clube que te projetou para o mundo. Clube em que tenho grandes amigos, e que, hoje, é o maior desafio da minha vida, da minha carreira — destacou ao ser contratado.
A passagem terminou em novembro, após um vazamento de um áudio em que o fazia uma avaliação sincera do elenco colorado. Apesar de ter recebido o apoio do torcedor, pediu demissão. Agora para desempatar esse "Gre-Nal" que estava em 3 a 3, Paixão começa o quarto capítulo de sua trajetória no Grêmio.