O Grêmio abre 2022 com a aposta de que a pré-temporada será o suporte para o grupo de jogadores enfrentar a temporada. Com a disputa da Série B como principal objetivo, o foco da comissão é garantir que o técnico Vagner Mancini conte com os atletas nas melhores condições possíveis para encarar uma competição que exige bastante fisicamente. Nesta sexta-feira, a equipe completa o 10º dia de trabalho, até o momento alternando a utilização da estrutura da academia do CT Luiz Carvalho e os treinos no campo no CT Hélio Dourado.
É com esse foco que o clube traçou o planejamento da pré-temporada. A comissão técnica separou o período de treinamento por semanas de trabalho. Os primeiros dias foram reservados para avaliações e o início de adaptações aos trabalhos de força e potência no campo.
Na segunda semana, o trabalho passou a ter musculação e aumento da duração das atividades de campo. A terceira semana começa a ter uma redução no tempo do treino, mas aumenta novamente o espaço e a ênfase na parte tática e técnica. Os últimos dias são dedicados para ajustes de situações de jogo.
— É raro no futebol brasileiro ter 30 dias para fazer uma pré-temporada. Estamos criando um alicerce forte, para quando entendermos que cheguem os jogos, termos um rendimento aceitável para a equipe do Grêmio — projetou o preparador físico Reverson Pimentel.
O Grêmio dará esse tempo maior para o grupo principal recorrendo a uma estratégia já utilizada em outras temporadas. O time de transição, atual campeão brasileiro sub-23, será utilizado nas duas primeiras rodadas do Gauchão.
O planejamento estabelecido que a estreia do time titular aconteça contra o São José, em 2 de fevereiro. A equipe principal também será utilizada contra o Guarany-Ba, no dia 6. Um time reserva ou os meninos da transição enfrentam o Aimoré, no dia 9, e os titulares voltam contra o Juventude. O transição fará a viagem para o jogo contra o União-FW no dia 16 e depois o grupo de Mancini completará a primeira fase contra o São Luiz e Inter.
— A preparação que estamos fazendo é em cima do que o Mancini quer. Um time intenso, forte fisicamente, que marca pressionando e vai brigar e correr os 90 minutos. A Série B tem particularidades para se cuidar, a logística é uma delas. Vamos pegar gramados pesados, mas estamos preparando a equipe para isso — explicou Reverson.
A preparação que estamos fazendo é em cima do que o Mancini quer. Um time intenso, forte fisicamente, que marca pressionando e vai brigar e correr os 90 minutos.
REVERSON PIMENTEL
Preparador físico do Grêmio
Com a manutenção da comissão técnica e da base do grupo que terminou o ano passado, o Grêmio larga com uma ideia de time titular mais definida. A expectativa é de que Mancini mantenha o mesmo esquema de 2021: 4-2-3-1. Das 11 posições, a tendência é que apenas quatro lugares estejam em disputa no começo da atual temporada: goleiro, lateral-esquerdo, meia e o parceiro de Geromel durante o período de recuperação de Kannemann. A seguir, veja a disputa por posições que ocorre neste pré-temporada.
Brenno ou Gabriel Grando
As oportunidades surgiram para os dois meninos da base em 2021. Brenno iniciou a última temporada como titular, após os fracassos de Paulo Victor e Vanderlei, e deu boa resposta. O jovem se afirmou na equipe, mas acabou perdendo a posição ao sair para defender a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos. Gabriel Grando estrou com o time principal em um clássico Gre-Nal com Felipão. A boa atuação o credenciou a seguir como opção do técnico. Ele continuou como titular com Vagner Mancini e terminou o ano como dono da posição.
— O Grêmio acabou se atrapalhando na questão quando o Brenno voltou da seleção. Terminou o ano com o Chapecó, tem que começar o ano com ele. É ruim ficar trocando, tanto para o goleiro quanto para o resto da equipe — opina o goleiro Galatto, herói da Batalha dos Aflitos.
Diogo Barbosa ou Nicolas
Contratado por quase R$ 10 milhões em 2020, Diogo Barbosa passou o primeiro ano sem corresponder ao investimento da direção. Em 2021, seguiu sem receber a confiança dos técnicos que passaram pelo clube. Ficou na reserva de Cortez e até de Rafinha, quando o experiente lateral atuou improvisado na esquerda. Diogo só foi ter chances com Vagner Mancini nos últimos jogos da última temporada. Teve um bom desempenho. Nicolas chegou para o ano com a perspectiva de brigar pela posição. O jogador veio do Athletico-PR e é elogiado pela capacidade defensiva.
— Depende muito do momento, o Diogo acabou o ano jogando. O ano todo dele acabou não sendo positivo, mas precisa ser observada a importância dele dentro do elenco. Como jogador, não teve um saldo ideal. Apostaria nele por ter permanecido, contou com a aposta da direção para ficar — afirma, Rubens Cardoso lateral campeão da Copa do Brasil pelo Grêmio em 2001.
Bruno Alves ou Rodrigues
Enquanto a direção e comissão técnica esperam pela recuperação de Kannemann, que deve retornar aos gramados a partir de abril, Bruno Alves chegou como uma das principais contratações do Grêmio para a temporada. O zagueiro alternou momentos de titularidade e outros de reserva no São Paulo. É visto como um jogador com perfil importante para o grupo na Série B, por ter um estilo de mais força e capacidade na bola aérea. Rodrigues apareceu com outro perfil. Trata-se de um jogador de velocidade e qualidade técnica para atuar com a bola no chão. Apareceu bem em alguns momentos, virou alvo de clubes do Exterior, mas terminou o ano como quarta opção.
— Depende do encaixe com os companheiros, Rodrigues conhece mais. Acho que ele é jogador interessante, mas esse conhecimento dá uma vantagem. O Bruno Alves tem a experiência e a rodagem. Nada melhor do que os treinamentos. O técnico testa no dia a dia as formações e vê quem se adapta melhor. Um jogador na defesa tem vezes que não consegue fazer parceria com outro — afirma William, zagueiro bicampeão gaúcho e vice-campeão da Libertadores pelo Grêmio em 2007.
Benítez ou Campaz
O argentino Martín Benítez chegou para ser o armador que o técnico Vagner Mancini deseja para o time. De estilo mais clássico, é um jogador que faz o time rodar e coloca os companheiros em situações de finalização. Já o colombiano Campaz chegou badalado no meio do ano passado, com a promessa de ser o jogador que daria o toque de qualidade para o meio de campo. Terminou o Brasileirão mais como um atacante, sem tantas responsabilidades defensivas.
— Acredito que aí dependa da questão dos treinamentos, do encaixe com os outros companheiros. Quem tiver melhor dentro do esquema, assimilar melhor os conceitos cobrados pelo Mancini, largam em vantagem. Os dois são bons jogadores — opina Tita, meia do Grêmio campeão da Libertadores de 1983.