Com uma semana desde sua apresentação como técnico do Grêmio, Tiago Nunes já teve que disputar dois jogos e com pouco tempo de treinamento. Foram quatro atividades entre os confrontos com Ypiranga e Lanús e mais viagens para Erechim e Buenos Aires. E, neste final de semana, ele já terá mais um compromisso longe de casa: a semifinal do Gauchão contra o Caxias, no domingo (2), em Caxias do Sul.
Apesar da sequência dura do calendário, o novo treinador gremista não tem por hábito preservar a equipe. Foi assim quando dirigiu o Athletico-PR, onde venceu a Copa Sul-Americana de 2018, a Copa do Brasil e a Levian Cup, disputada no Japão, ambas em 2019. E é dessa forma que ele deverá proceder no Grêmio, preservando jogadores apenas quando for necessário.
— Ele poupava muito pouco. Pouquíssimo mesmo. Só quando tinha iminência de alguma lesão. Ele é adepto à continuidade (da equipe). E quando substitui um jogador, ele procura manter a característica, como fazia com Marcelo Cirino e Rony, Léo Cittadini e Bruno Guimarães. Ele só vai poupar se o cara estiver machucado — pondera a repórter Monique Vilela, da Rádio Band B de Curitiba, que acompanhou o trabalho de Tiago no Athletico-PR.
No Grêmio, Tiago encontra algumas semelhanças com sua passagem vitoriosa por Curitiba. A principal delas, talvez seja a presença de Maicon, liderança de vestiário e um dos capitães do time, a exemplo do que era o argentino Lucho González no Furacão, que venceu a Copa do Brasil aos 38 anos. O jogador gremista irá completar 36 em setembro e já não tem o mesmo vigor de outros tempos, mas é peça fundamental e será utilizado de maneira pontual.
— Os mais experientes, além de grandes líderes e grandes jogadores, são atletas que ainda entregam grande performance e são a base do nosso time para que a gente possa almejar grandes títulos — disse o treinador de 41 anos em sua entrevista de apresentação.
Diante do Lanús, pela Sul-Americana, foi exatamente o que foi feito com Maicon, que entrou em campo a partir dos 17 do segundo tempo. Para que se faça um comparativo, Lucho jogou 31 vezes em 2019, ano em que o Athletico-PR fez 57 jogos com o time principal, já que toda a campanha do campeonato estadual foi com a equipe sub-23. Destas partidas, o argentino começou 19 como titular e em nenhuma delas ficou em campo até o final, tanto que atuou 1.520 minutos na temporada.
Os experientes
Mas se esse raciocínio vale para Maicon não deve ser o mesmo adotado com Rafinha e Pedro Geromel, por exemplo. Os dois jogadores, que também vão completar 36 anos em setembro, deverão ter uma rodagem maior no decorrer do ano. Eventuais preservações acontecerão com eles, mas em um grau menor.
No Grêmio desde 2014, Geromel completou 297 jogos com a camisa gremista. O capitão do tri da América em 2017 sempre teve uma média alta de atuações, excetuando a temporada 2020, quando entrou em campo apenas 32 vezes e conviveu com lesões. O jogador foi desfalque na reta final do Brasileirão e da Copa do Brasil e ficou mais 95 dias de molho até o jogo contra os argentinos. O entendimento, porém, é de que o período de recuperação e o trabalho físico realizado pelo camisa 3 o deixarão em alto nível mais uma vez.
Principal reforço para 2021, Rafinha já demonstrou em cinco atuações a capacidade técnica e a liderança que o tornaram um dos principais laterais-direitos do Brasil nos últimos anos. A favor do jogador revelado pelo Coritiba, as 14 temporadas no futebol europeu que lhe deram um menor número de jogos. Para se ter ideia, apenas em cinco delas ele atuou em 40 partidas ou mais. Dessa forma, as lesões diminuem e a performance em alto nível é favorecida.
Outro jogador que completará 36 anos, mas em junho, é Diego Souza. Porém, os números do atacante na temporada passada demonstram que ele está em plena forma. Afinal, foi o artilheiro do time e do Brasil com 28 gols, além de dar nove assistências, com 54 atuações nas 74 partidas disputadas pelo Grêmio.