
O jornalista Éldio Macedo, 89 anos, morreu neste sábado (29), em Buenos Aires, na Argentina, onde residia. Ele estava internado em um hospital tratando Alzheimer.
Éldio Macedo comandou o Ringue Doze, programa de TV que foi sucesso na RBS TV nos anos 1960. A atração o ajudou a se tornar uma das pessoas mais conhecidas do Estado. À época, ainda era o único repórter negro da Rádio Gaúcha.
Além do "Ringue Doze", ele foi repórter do Esporte da Gaúcha e cobria, do Rio de Janeiro, a CBF e a Seleção Brasileira. O talento de Éldio também se destacava nas coberturas do Carnaval do Rio pela equipe da Gaúcha, direto da Marquês de Sapucai. Em novembro de 2008, foi homenageado pelos 50 anos no Grupo RBS.
Nascido em Rio Pardo, trabalhou no Diário de Notícias e também foi funcionário da Assembleia Legislativa. No Rio de Janeiro, atuou na Rádio Nacional. Além do esporte, também tinha a política e o samba como especialidades da carreira e foi autor do livro Preto Poeta.
Torcedor do Inter, ele chegou a contar em entrevista ao Coletiva.Net que treinou as categorias juvenis do Grêmio.
— O presidente do Grêmio sabia que eu era colorado e sempre brincava comigo dizendo: vai perder de quanto? — brincou, em referência aos Gre-Nais, em uma entrevista em 2016.
Éldio deixa os filhos Kleber, Kleyton, Karen, Kassya e Rita e a esposa Ivone Pereira Macedo. Ainda não há definição sobre as despedidas e se elas serão em Buenos Aires.
A paixão pelo samba e a vida no Rio de Janeiro
O jornalista Renato Dornelles recorda uma das paixões de Éldio: o samba.
— Era um mestre para nós, desde criança, quando apresentava o Ringue Doze. Convivi muito com o Éldio por causa do samba, paixão que tínhamos em comum. Fazíamos parte da mesma equipe de cobertura desse tema. Ele morou décadas no Rio de Janeiro e era como um embaixador da RBS junto aos carnavalescos. Residiu, inclusive, num edifício muito badalado, o Copan, onde vivia a Maitê Proença e onde o Pelé se hospedava quando estava no Rio — conta Dornelles.
O jornalista Antonio Carlos Macedo define Éldio como uma "figura muito rica da imprensa nacional".
— Convivemos muito em coberturas de Seleção Brasileira. Era um relações públicas nato. Abria portas em qualquer lugar — lembra Macedo.

Outra característica marcante de Éldio, relembra Macedo, era o sorriso constante e a facilidade para fazer amizades, inclusive com jogadores de futebol. A primeira recordação sobre Éldio, contudo, remete ao trabalho na televisão.
— Minha lembrança inicial, lá dos anos 60, é de quando o Éldio era apresentador de luta livre. À época, era na TV Gaúcha, no canal 12. Ele subia no ringue e fazia a apresentação das lutas — narra Macedo, mencionando a popular atração Ringue Doze.
O jornalista Cláudio Brito prestou homenagem ao colega de profissão pelo Instagram:
— O Éldio esteve ao meu lado em 26 coberturas que fizemos do Carnaval Carioca, pela Rádio Gaúcha. Antes disso, fomos colegas nos estúdios de rádio da vida, além de jornadas esportivas pelo mundo.
Em nota divulgada em seu site, a Confederação Brasileira de Futebol lamentou a morte de Eldio.
"Eldio morreu neste sábado (29) em Buenos Aires, aos 89 anos. Ele morava na capital argentina. O jornalista foi correspondente da Rádio Gaúcha no Rio durante as décadas de 70 a 90 e participou da cobertura de várias Copa do Mundo", disse o comunicado.
Além disso, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, decretou um minuto de silêncio antes do início de todos os jogos da rodada de abertura do Brasileirão.