Ao ser eleito presidente do Grêmio, em novembro de 2014, Romildo Bolzan Junior tinha alguns desafios, como a compra da Arena, a fidelização do quadro social, a retomada do protagonismo no futebol e a liquidez das finanças.
Os objetivos foram quase todos atingidos. O clube voltou a vencer grandes competições (Copa do Brasil 2016 e Libertadores 2017), revelou diversos jogadores (Walace, Arthur, Pedro Rocha, Luan, Everton, Pepê, entre outros), teve aumento do número de sócios e passou a ter uma situação econômica estável. A negociação para adquirir o estádio segue em curso e tem alguns avanços, que são mantidos em sigilo pelas partes envolvidas.
Para se ter ideia, o Grêmio iniciou 2020 projetando superávit de R$ 1,1 milhão. Se a marca for atingida, será o quinto ano consecutivo em que o clube terminará com as contas em valores positivos.
Mas a inesperada pandemia do coronavírus, que praticamente paralisou o mundo, está obrigando o clube a refazer os cálculos e trazendo um novo desafio aos dirigentes. Com todas as atividades suspensas, o prejuízo virá através de falta de bilheteria, inadimplência no quadro social, exposição de patrocinadores, entre outras fontes de arrecadação.
— Achamos que deixaremos de arrecadar R$ 25 milhões. Estamos ajustando o fluxo agora. Depois será feita a readequação orçamentária, através de repactuação de tudo. Tomaremos medidas para não perder nosso ajuste — disse o presidente gremista, que se recupera da covid-19, em conversa com a reportagem de Gaúcha ZH.
Nestas perdas, o clube calcula deixar de receber neste momento, R$ 3 milhões do quadro social, outros R$ 3 milhões de venda de seus produtos oficiais, a última parcela do direito de televisionamento do Gauchão e as primeiras parcelas referentes às cotas do Brasileirão. Já as medidas de repactuação passarão por pagamentos de tributos e negociação com fornecedores e patrocinadores e devem impactar no orçamento nos meses de abril, maio e junho, segundo projeções do próprio clube.
Uma medida que agradou os clubes foi adotada pela Conmebol, que anunciou o pagamento de 60% das premiações pela participação na fase de grupos da Copa Libertadores. De acordo com o previsto, os 32 participantes tem direito a receber um total de 3 milhões de dólares, como cota pelos três jogos que realizam como mandantes.
No caso gremista, o valor do Gre-Nal disputado no último dia 12 será pago na totalidade
— O que jogou já é adquirido — ressalta Bolzan.
Dessa forma, o clube deverá receber 1,2 milhão de dólares pelos dois jogos que ainda irá realizar na Arena, contra Universidad Católica e América de Cali, além do valor referente ao clássico. Os restantes 800 mil serão pagos após a realização das partidas.
O Grêmio já chegou a um acordo com o grupo de jogadores sobre redução salarial durante o período de paralisação. Outra medida já definida será a concessão de 20 dias de férias, a partir de 1ª de abril.