
Será um efeito dominó. Enquanto a Europa se defende como pode na guerra travada contra a covid-19, dirigentes dos grandes clubes do continente desenham um novo cenário para o futebol. As cifras milionárias e as contratações vultosas, pelo menos nestes primeiros dois ou três anos, serão um capítulo da história pré-coronavírus. O que, você sabe, refletirá diretamente aqui no futebol brasileiro, que tem como uma das maiores fontes de receita justamente a venda de jogadores ao Exterior.
O jornal alemão Bild trouxe em sua edição desta quinta-feira (26) uma estimativa que retrata bem o impacto da pandemia nas contas dos clubes. Em entrevista ao diário, o agente Sascha Empacher previu que os valores operados no mercado girarão em torno de 33% das cifras dos últimos dois ou três anos. Empacher é, neste momento, um dos principais empresários da Europa, responsável pela carreira de astros como o egípcio Salah e o zagueiro turco Kabak, do Schalke e que, aos 19 anos, estava na mira de grandes europeus.
O "estava" é porque a bolha do mercado europeu foi furada pelo coronavírus. Havia a previsão geral de que em um futuro próximo os clubes cairiam na real e passariam a operar com cifras mais mundanas. A pandemia só acelerou o processo. Colabora para isso o mesmo que acontecerá aqui no Brasil, com a necessidade de acomodar jogos em um calendário diminuído pela quarentena. A Liga dos Campeões, por exemplo, terá sua fórmula alterada, assim como a Liga Europa. Menos jogos significa menos receita de TV, menos premiações e menos dinheiro circulando. São os gigantes europeus que fazem a roda girar por lá, comprando jogadores e abastecendo o cofre dos clubes médios e pequenos. São esses, em sua maioria, que batem aqui no Brasil para levar nossas revelações.
Para você ter uma ideia do que significa esse recuo do lado do Atlântico, o Grêmio previu em seu orçamento R$ 88 milhões com venda de jogadores - cerca de 25% das receitas estimadas. Talvez apostando numa negociação de Everton, que chegou a ser cotado no mediano Everton, da Inglaterra, em janeiro. O Inter, que contava com a valorização de seus jovens para fazer vendas de impacto, projetou para 2020 R$ 95 milhões em venda de jogadores - o que representaria também 25% dos valores previstos no orçamento. Ou seja, um efeito dominó que chegará aqui com efeito arrasador nas contas da Dupla.