O Grêmio projeta um superávit de R$ 1,1 milhão ao término de 2020. Será o quinto ano consecutivo em que o clube terminará com as contas com valores positivos. Curiosamente, o valor é um pouco inferior ao previsto para a temporada de 2019 (R$ 1,35 milhão). A previsão orçamentária foi aprovada em novembro de 2019, em reunião do Conselho Administrativo do Tricolor.
Já sobre a última temporada, o superávit esperado é de quase R$ 4 milhões, com as receitas arrecadadas pelo clube sendo de mais de R$ 400 milhões. Na gestão de Romildo Bolzan, o único ano em que a instituição não fechou a temporada com resultados positivos foi em 2015, a primeiro do atual presidente.
— Se você fecha o ano no azul, tem mais condições de investir no futebol e pagar dívidas. No vermelho, quer dizer que as coisas estão apertadas. Flamengo, Palmeiras, Athletico-PR e Bahia, junto com o Grêmio são clubes saudáveis financeiramente, em circunstâncias diferentes. De todos os clubes da primeira divisão brasileira, o tricolor gaúcho tem as projeções mais responsáveis — afirma Rodrigo Capelo, jornalista especializado em negócios do esporte.
Ao contrário de alguns clubes do Brasil, o Tricolor opta por fazer um orçamento com números mais conservadores e com valores apenas já garantidos para o próximo ano, principalmente em relação a premiações de campeonatos (Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores). O Grêmio prevê arrecadar pouco mais de R$ 340 milhões, destes R$ 120 milhões com premiações das competições — na verdade, pagamentos de cotas de televisão condicionados a performance. Ou seja, oitavas de final da Copa do Brasil, fase de grupos da Libertadores (já garantidos) e oitavo lugar no Campeonato Brasileiro, desempenho superado pelo clube nos últimos anos.
— Entramos para ser campeões, mas precisamos ser realistas com o que já temos garantido. Caso não ocorra, não teremos uma surpresa negativa. Tudo que conseguirmos a mais, vai repercutir positivamente no caixa — afirma Fabiano Wurdig, CFO do Grêmio desde julho de 2017.
Conforme o orçamento do próximo ano, o Tricolor prevê um valor arrecadado de R$ 88 milhões com vendas de jogadores, um aumento em relação ao número previsto em 2019, que era de R$ 36 milhões e que foi batido com tranquilidade na temporada passada. Com as vendas de Thonny Anderson e de Guilherme antes do término do primeiro mês, o montante começa a ser preenchido.
Em relação a despesas, o clube também pretende diminuir o previsto em 2019 e também o realizado no ano passado. Para 2020, a instituição orçou gastar cerca de R$ 257 milhões, quase R$ 50 milhões a menos do que foi pago na última temporada. Algo que vai ao encontro da mentalidade do Grêmio de diminuir o valor das despesas.
Os números podem mudar até o final deste ano, o que pode mexer com as receitas e também com as despesas. Mas se tudo ocorrer conforme o planejado pela diretoria gremista, 2020 acabará com as finanças mais um vez em dia, algo constantemente frisado pelo presidente Romildo Bolzan Júnior.